Mesmo já transcorrido quase um mês, o início de um ano novo é época em que nos sentimos extremamente motivados para mudarmos velhos hábitos, conquistarmos aquelas metas que se repetem e eliminarmos tudo aquilo que não desejamos mais em nossas vidas. Afinal, na passagem de ano, ocorrida há poucos dias, comemos lentilhas, grãos de uva ou romã; pulamos as sete ondas do mar ou praticamos outras simpatias, enquanto fazíamos promessas para cumprir no novo ano, às vezes até relacionadas em listinhas, guardadas em algum lugar.
Uma matéria de jornal dizia que “se a pessoa ainda não colocou em prática alguma das promessas, sem ter ideia de como fazer isso, ela precisa, em primeiro lugar, controlar a ansiedade”. É verdade, não é preciso ficar ansioso, nem desesperado, muito menos cortar os pulsos. Por uma razão muito simples: essas promessas, feitas na passagem do ano, tem pouco valor, para não dizer valor nenhum. Foram repetidas praticamente as mesmas promessas dos últimos dez anos apenas para cumprir um ritual individual ou coletivo. Pesquisa apurou que 92% das resoluções de fim de ano dos brasileiros são simplesmente ignoradas.
Por que, então, não conseguimos cumprir promessas e conquistar metas e objetivos que nos propomos nos últimos anos? Simplesmente, repetir as mesmas metas e objetivos no ôba-ôba e achar que, neste ano, vamos conseguir realizá-los é ingenuidade. Imaginar que, só porque inicia um novo ano, seremos pessoas diferentes, capazes de fazer o que não conseguimos realizar antes; superaremos dificuldades que, até agora, eram difíceis, podem nos manter empolgados, no máximo, até a quarta-feira de cinzas. Aí, tudo volta a ser como era antes.
Publicidade
Nada vai acontecer enquanto ficarmos só focados nas metas e objetivos. É preciso fazer uma reflexão para descobrir os motivos que nos levam a não atingir nossas metas. O que impede que certas metas e objetivos, sempre presentes nos desejos e até promessas de cada ano novo, nunca se realizam?
Das inúmeras promessas ou resoluções de ano novo – organizar a casa, melhorar a alimentação, praticar alguma atividade física, fazer cursos, iniciar uma dieta, parar de fumar, beber menos, dormir mais cedo, ver menos tv, ler um livro, mudar alguns comportamentos ou atitudes, etc -,uma delas sempre presente é melhorar a parte financeira. Pesquisa do SPC Brasil e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) confirma isso, mostrando que 45% dos brasileiros querem juntar dinheiro para disporem de uma reserva financeira, neste ano, quer dizer, querem poupar, e 27% querem sair das dívidas.
Publicidade
Se uma das metas ou objetivos é juntar dinheiro a pessoa deve estabelecer uma finalidade. Reinaldo Domingos, autor de livros e mentor da DSOP Educação Financeira, além de outras atividades, insiste que o dinheiro poupado precisa ser “carimbado”, isto é, ele deve ter um destino: comprar uma televisão, uma moto, um carro, uma casa, uma viagem, etc. Sem este objetivo, o investidor transforma-se numa simples “máquina de poupar” , o que implica em facilmente o dinheiro guardado ser utilizado para qualquer finalidade.
Shirley Freitas, da Consultoria Ponto C, desfrutando das férias dos sonhos, na Tailândia, e que havia programado, há mais de um ano, nos mínimos detalhes, em entrevista que concedeu à Sophia Camargo, da R7, recomenda nove pontos ou passos que as pessoas devem seguir para concretizar sonhos:
1) fazer uma lista dos sonhos: não adianta só pensar, enquanto vai degustando grãos de uva ou de romã ou saltando 7 ondas do mar; é preciso registrá-los de alguma forma – em papel, no note, no celular…;
Publicidade
2) definir metas: se quiser comprar um carro novo, para quando deseja adquiri-lo, de qual valor, marca, etc;
3) preparar uma estratégia: como vai atingir a meta? Se for uma viagem, prever as despesas, desde as passagens, hospedagem, alimentação, até um valor para comprar as lembrancinhas;
4) dividir em pequenos pedaços: se quer emagrecer 20 kg, por exemplo, quem sabe comprometer-se em atingir 2kg por mês;
Publicidade
5) ser persistente: o autor do livro O Poder do Hábito diz que somos o resultado de hábitos, a maioria deles aprendidos e incorporados, inconscientemente; existem estudos que constataram que, em 21 dias, pode-se criar um novo hábito; se alguém quer começar a fazer exercícios, deve persistir, pelo menos, durante os primeiros 21 dias; aí eles se tornam automáticos;
6) visualizar resultados: a educadora Shirley criou o que ela chama de Mural da Vida Extraordinária; num moral ela coloca fotos, textos, qualquer coisa que a lembre de seus sonhos; toda vez que olha para esse mural, ela imagina como vai ser, o que vai sentir, o que vai poder fazer ou deixar de fazer quando seu seus sonhos se tornarem reais;
7) reavaliar: de vez em quando –o início de novo ano é um tempo apropriado – avaliar o andamento das metas e objetivos; se for o caso, acelerar a sua realização, fazer ajustes ou até desistir de algum deles;
Publicidade
8) atentar para o prazo de realização de cada meta ou objetivo: muitos podem demandar mais tempo, às vezes anos, como a formação de uma reserva para a aposentadoria;
9) comemorar: cada conquista, por menor que seja, merece uma comemoração.
Metas e objetivos decorrem de sonhos que devemos ter. Sonhos é que nos fazem levantar todos os dias, ir trabalhar, fazer cursos, querer melhorar de vida, etc. Mas, não nos damos conta deles. Por isso, o segundo pilar da metodologia DSOP – Educação Financeira é sonhar (o 1º é diagnosticar, o 3º orçar e o 4º, poupar). Claro, cada sonho – uma TV mais moderna, um eletrodoméstico qualquer ou algo maior, como um carro ou até uma casa – deve ser formatado: quanto ele custa, em quanto tempo realizá-lo, quanto pode separar por mês.
No início de cada ano, é sempre a mesma conversa de poupar, pagar as dívidas e por aí vai. Todo mundo fala em mudanças em relação às finanças pessoais e familiares, Mas, lembrando a letra daquela repetida canção de passagem de ano – Adeus Ano Velho, Feliz Ano! – não é o novo ano que tem que ser diferente, melhor, mas cada um de nós. Isso só é possível adquirindo novos conhecimentos. Com conhecimentos em educação financeira, por exemplo, é possível ajustar a vida financeira ao real padrão de vida pessoal ou familiar. Então, esqueça aquelas promessas de início de ano: sente, agora, com papel e caneta, planilha ou arquivo do computador e liste tudo o que deseja alcançar em curto prazo (até um ano), em médio (até dez anos) e em longo prazo (mais de dez sonhos). Depois, na área financeira, comece a utilizar a metodologia da DSOP – Educação Financeira: 1) diagnosticar a situação financeira pessoal ou familiar; 2) sonhar; 3) orçar; e 4) poupar. Muitas pessoas prometem poupar quando sobrar algum dinheiro, o que até alguns economistas recomendam, mas que raramente funciona. Por isso, priorize seus sonhos, isto é, o que realmente quer e foque-se neles, lendo e estudando sobre esses assuntos; se for preciso, busque ajuda.