Quem trabalha em saúde está familiarizado com aquele tipo de paciente que apresenta queixas múltiplas, imprecisas, confusas e difusas. Normalmente, começam dizendo “não sei nem por onde começar doutor”. Essas pessoas costumam se sentir inconformadas com resultados negativos dos muitos exames a que se submetem.
Com frequência, essas pessoas procuram vários especialistas e em diversos serviços e hospitais, sem que se sintam efetivamente melhoradas. Em resumo, somatizar significa expressar o sofrimento emocional sobre forma de queixas físicas, portanto, somatização é uma forma de histeria, embora não seja a única.
O diagnóstico dos Transtornos Somatoformes abrange uma série de pacientes cujos sintomas correspondem a respostas somáticas, indicadoras de alterações emocionais e supervalorizadas através de ampliações das sensações corporais. A característica principal do Transtorno de Somatização é a elaboração de múltiplas queixas somáticas, recorrentes e clinicamente significativas. Uma queixa é considerada clinicamente significativa quando resulta ou acaba determinando algum tratamento médico. Também pode ser considerada clinicamente significativa quando é capaz de causar algum prejuízo no funcionamento social ou ocupacional da pessoa.
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No Transtorno de Somatização, normalmente há uma história de dor incaracterística e de difícil explicação médica que acomete, predominantemente, a cabeça, as costas, articulações, extremidades, tórax e/ou uma história de comprometimento nas funções de órgãos, como, por exemplo, em relação às menstruações, intercurso sexual, digestão, funcionamento intestinal, etc. As queixas levam o paciente a frequentes exames médicos, radiográficos e cirurgias exploratórias desnecessárias. Em geral eles descrevem suas queixas em termos dramáticos, eloquentes e exagerados ou, curiosamente, ao extremo contrário, ou seja, completamente indiferentes à sugerida gravidade do problema e têm um longo histórico de hospitalizações e extensa trajetória médica, muitas vezes buscando tratamento com vários médicos ao mesmo tempo.
Concomitantemente, sintomas proeminentes de ansiedade e humor depressivo são muito comuns, Existem numerosos sintomas físicos e variados, contínuos e queixados no dia a dia que caracterizam mais a maneira desse paciente ser do que uma maneira nervosa dele estar.
Mesmo diante da suspeita do Transtorno de Somatização o médico deve, obrigatoriamente, excluir a existência de alguma doença orgânica real. Não deve ser negligenciada a possibilidade, mais que comum, dos pacientes somatizados clássicos portarem, simultaneamente, algum outro transtorno clínico orgânico.
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Um dos primeiros passos para o tratamento dos pacientes deve ser conscientizá-los sobre a importante participação dos fatores emocionais na sintomatologia queixada, tentar uma mudança no significado cultural de suas doenças e incentivar maior honestidade pessoal sobre sua natureza emocional. Entre os médicos ainda é muito forte a idéia de que o paciente somatizador tenta enganá-los ou procede de má-fé. Às vezes e intimamente, o médico se aborrece porque as queixas não obedecem ao que ele aprendeu nos livros tradicionais de medicina.
Seja físico ou mental, o sofrimento humano sempre deve ser tratado com respeito e tolerância. É principio básico para um bom trabalho médico.
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