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Direto da Redação

Valeu, Peter!

Imagina que estrago tremendo se esta chuva não tivesse acontecido nesta semana, mas na semana passada, na semana da Oktoberfest. Que água no meu chope! Choveu domingo, segunda, terça, quarta, ainda estava chovendo enquanto eu escrevia isso aqui e, pasmem, a previsão é de que vai dar uma paradinha, hoje, e domingo começa a chover de novo. 

Providenciem galochas e encontrem seus pares: é o dilúvio! 

Chuva é bom, eu sei. E necessário, também. Se a mim fosse dado o poder de controlar o botão do tempo, aquele que São Pedro lá em cima gira para lá e para cá, embaralhando as nossas humildes vidinhas, o ponteiro ia ficar sempre no “nublado”. 

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Eu gosto de dia cinza, da tarde cinza e sua “lágrima prismática”, como diria Caetano. O sol – tão ou mais necessário que a chuva, eu sei! –, quando em excesso, machuca, penetra, pinica, faz feder, escama e até mata. 

Verão, pra mim, é sinônimo de split. E freezer. O calor me afeta o humor (no sentido de subtrair), frita a minha paciência, me eleva a intransigência. A gente pinga de suor, mosquitos nos picam o cérebro, meias de lã viram incenso em ambientes pouco arejados. Vai embora todo glamour que o inverno levou quase meio ano para construir. E, o que é mais triste ainda: o preço do chope é um reflexo do que acontece nos termômetros. Sobe! Desaforadamente se eleva, como a minha raiva!

Sou do frio. O frio me inspira. Sou melhor escritor e jornalista no frio. Se esta crônica não ficou boa o suficiente, a culpa é desse maldito calorzinho que eu tô sentindo agora.

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Temos bons escritores no Brasil – até no Norte e Nordeste, onde faz calor o tempo inteiro –, e isso pode ser considerado um verdadeiro milagre. Um fenômeno da natureza humana. Reflete aí: como pode alguém ter boas ideias enquanto seu cérebro fervilha envolto numa manta de carvão tirada das profundezas do inferno. Muito mais fácil escrever na beira de uma lareira, observando as chamas, sob o olhar oblíquo da siamês e lubrificando o pensamento com um belo Malbec safra 2002, cheiro de amoras silvestres, corpo e lágrimas densas, enquanto ela te pergunta toda lânguida “vai mais um queijinho aí?”… 

O frio é um convite ao encontro dos corpos e, paradoxalmente, à instrospecção. Boas ideias só brotam no inverno! O verão é um convite a um banho gelado para que você sinta… frio! E ao distanciamento entre os corpos – embora exista o shortinho e a baby look.

No inverno, tu coloca um casacão e está tudo bem. Aconchegado sob as cobertas, um bom edredom, uma boa companhia, enfim. Um bom livro! No verão, tu não quer saber de companhia. Quando muito, uma loira gelada! No verão, tu tira a camisa, a camiseta, a calça, a cueca, os sapatos, as meias e a situação muda, sim, para pior, se tu te “despetalar” todo em público e te levarem em cana… Aí tu vai ver o que é a coisa esquentar, de fato, ainda mais! Aquele calorzinho na nuca…

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