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COP 7

Ministro da Saúde baixa a guarda e ouve setor do tabaco

Semanas depois de comentar, em uma reunião com empresários, que o Brasil deveria parar de produzir fumo, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu ontem ter compreendido que o consumo de cigarro e cultivo de tabaco são coisas diferentes. A postura do titular do ministério que tradicionalmente lidera o cerco ao setor surpreendeu positivamente os representantes da cadeia produtiva que participaram de reunião ontem à tarde, em Brasília. A expectativa agora é que a delegação brasileira adote uma postura mais moderada na 7ª Conferência das Partes (COP 7), evento que daqui a menos de um mês reunirá, na Índia, representantes dos países que aderiram à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Em pauta estarão novas medidas para combater o consumo.

Durante o encontro de ontem, no Ministério da Saúde, Ricardo Barros ouviu com atenção os relatos de dirigentes de entidades, representantes de prefeituras e políticos. Ao reconhecer que, nas palavras dele, “produção de tabaco é uma coisa, consumo de cigarro é outra”, o ministro sinalizou que não é atacando a cadeia produtiva que o País resolverá o problema do tabagismo. “Ele deixou claro que, do ponto de vista da saúde pública, essa não é a única questão. O governo está preocupado também com a poluição nos grandes centros, com os acidentes de moto no Nordeste, entre tantas outras coisas que causam mortes. É um avanço, pois até pouco tempo atrás o cigarro era o grande vilão dos problemas de saúde pública”, comentou o presidente da Afubra, Benício Werner. “A reunião com o ministro foi melhor que o esperado. Este governo está mais receptivo ao setor”, admitiu.

Na avaliação do prefeito de Venâncio Aires e presidente da Câmara Setorial da Cadeira Produtiva do Tabaco, Airton Artus, o ministro mostrou-se sensível ao setor. “Fizemos questão de reforçar a importância econômica, social e ambiental da cadeia produtiva para centenas de municípios do Sul do Brasil. Destacamos que 85% da produção é exportada e que até 90% da economia de alguns municípios gira em torno da produção de tabaco. Isso nunca pode ser deixado de lado antes de qualquer decisão do governo sobre o futuro do setor.”

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A prefeita de Vera Cruz e presidente interina da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), Rosane Petry, também saiu confiante da reunião. “Demos um passo importante. Esperamos agora que a delegação brasileira não adote uma postura contrária na COP 7”, resumiu. Responsável pela aproximação da cadeia produtiva com o ministro da Saúde, a senadora Ana Amélia Lemos (PP) disse que abandonar a cultura do tabaco traria prejuízo a milhares de famílias e que o setor é altamente tributado, o que acaba reforçando o caixa do governo.


Comitiva da região foi recebida pelo ministro na tarde de ontem

Terça-feira que vem

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Representantes da cadeia produtiva e dos municípios produtores de tabaco retornaram ontem de Brasília com a expectativa de que o governo definirá na próxima terça-feira a postura que será adotada pela delegação brasileira na COP 7. Uma reunião com todos os ministérios envolvidos no assunto está marcada para acontecer na Casa Civil. O ministro Eliseu Padilha, braço direito de Michel Temer, já declarou que o governo não é contra o tabaco.

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