O calorzinho dos últimos dias incentivou os santa-cruzenses a aproveitarem o clima e até deixou os amantes do verão com esperança de que a estação mais quente do ano estivesse chegando mais cedo, a exemplo do que aconteceu em 2015. Contudo, as temperaturas elevadas têm outro motivo: a entrada de uma nova frente fria e, consequentemente, a ocorrência de chuvas. Nesta quarta-feira, 17, o contraste entre as marcas altas de ontem e a presença da massa de ar frio compõe um conjunto favorável a temporais no Vale do Rio Pardo.

A partir desta quinta-feira, 18, a instabilidade começa a perder força, mas as temperaturas devem seguir em declínio, já que uma segunda massa de ar polar entra no Rio Grande do Sul. Na sexta-feira, 19, voltam a ocorrer precipitações. Há possibilidade de que o tempo se mantenha instável no sábado e domingo, mas as temperaturas tornam a subir, chegando em torno dos 20 graus. Conforme o meteorologista da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Flávio Varoni, o calor de ontem é um aquecimento natural, que ocorre, geralmente, antes do ingresso de áreas de instabilidade e frentes frias.

Segundo ele, essa será a rotina dos últimos dias de inverno: dois ou três dias de frio mais intenso intercalados com tardes quentes. As noites se manterão mais frescas. De acordo com Varoni, ao contrário do ano passado, quando agosto foi extremamente quente e seco e setembro e outubro tiveram chuvas muito acima da média, neste ano as estações estão seguindo um ritmo normal e a previsão é de que se mantenha assim até dezembro.

Entenda

O fenômeno climático La Niña, ao contrário do El Niño, caracteriza-se pela baixa temperatura da superfície do Oceano Pacífico. No hemisfério sul, ele impede o ingresso da umidade no continente. Por isso, a primavera deve ter menos chuvas no Rio Grande do Sul.

Previsão é de primavera mais seca neste ano

Apesar de a primavera ser considerada a estação preparatória ao verão, a sensação será de que o inverno vai ser prolongado, pois a temporada das flores começará com temperaturas mais baixas do que o normal. Segundo o meteorologista Flávio Varoni, a impressão de um frio mais longo acontecerá em razão das noites e madrugadas geladas causadas pela falta de chuva, que devem durar até metade da primavera – por volta da primeira semana de novembro.

Em relação às chuvas, a tendência é de que setembro, outubro e novembro registrem acumulados abaixo da média. “Em situações normais, a primavera é a estação mais chuvosa do Rio Grande do Sul, mas o La Niña vai fazer com que haja diminuição nos volumes. Mesmo assim, não será caso de seca”, apontou Varoni. Nesta primavera atípica, as precipitações devem diminuir cerca de 25% em relação aos 150 milímetros normais para a estação.

Flores já começam a colorir Santa Cruz

Pelo Centro de Santa Cruz do Sul, alguns ipês-roxos já dão mais cor para os dias ensolarados. Ainda são poucas as árvores floridas, pois o ciclo está dentro da normalidade, conforme o coordenador do escritório municipal da Emater, Assilo Martins Corrêa Júnior. O ipê-roxo é sempre o primeiro a florir e conta com a ausência de chuvas e ventos nesse processo. As flores costumam aparecer aos poucos, entre o inverno e a primavera, que começa oficialmente em 23 de setembro.