A internet virou ferramenta fundamental em um curso de alfabetização para jovens e adultos em Pombal, cidade localizada a cerca de 325 quilômetros de João Pessoa, capital da Paraíba. As aulas práticas semanais desenvolvidas no laboratório de informática da Escola Municipal Francisco José de Santana possibilitam aos alunos estudar temas até então desconhecidos.
A professora do curso, Jacqueline Liedja, disse que assim que no primeiro contato com os estudantes percebeu o distanciamento deles com o atual mundo dos computadores. “Eu percebi que eles eram totalmente desconhecedores do mundo tecnológico de hoje. Eles tinham dificuldade em manusear o mouse, em mexer no teclado e até de ligar o computador. Tudo era desconhecido para eles. No início, era uma coisa muito nova para eles.”
Nas aulas, foi necessário ensinar o básico: como ligar o computador, como chegar e utilizar um site de busca, apresentar a área de trabalho da internet e também a inserção dos alunos nas redes sociais. Segundo Jacqueline, foi criado um perfil de cada aluno na rede social (Facebook) para que fosse trabalhado de forma pedagógica alguns usos da página. “Todas as seções do Facebook (mural, álbuns, bate-papo) foram trabalhadas com fins pedagógicos. Por exemplo, no bate-papo eu tentava estimular a interatividade entre eles.”
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A professora disse ainda que os alunos deram continuidade ao aprendizado, com alguns entrando na internet habitualmente. Jacqueline acrescentou que a alegria dos estudantes em descobrir um novo meio foi “contagiante”. “Eu percebi que era um medo e uma alegria ao mesmo tempo.” Para ela, a internet foi “uma ferramenta maravilhosa nesse processo todo por ser dinâmica, atrativa e significante”.
A professora Ana Paula de Abreu Moura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que coordena o Programa Integrado para Educação de Jovens e Adultos, explicou que é preciso trazer as experiências do cotidiano com a leitura e a escrita desse tipo de público para o ensino dentro da sala de aula.
“O adulto, quando entra no processo de escolarização, fica o tempo inteiro tentando entender o significado da palavra e associá-la, de alguma forma, com a vida dele. Por isso, durante o processo pedagógico, é importante perceber por onde está caminhando a leitura deles e que leituras eles já têm”, afirmou.
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O comerciante Wellington Nascimento, de 27 anos, seguia o perfil descrito por Ana Paula porque, segundo ele, como não sabia nada e era ex-presidiário, não tinha oportunidades na vida. No entanto, isso mudou após o curso de alfabetização na escola municipal de Pombal, disse.
“Depois do curso, em que eu aprendi a ler e escrever, eu passei a ter meu próprio negócio e a dar palestras em colégios. Hoje eu tenho autonomia para ler, escrever, e mexer na internet. Há dois anos, o Facebook era algo totalmente desconhecido e eu não sabia o que era. O povo postava foto, mandava mensagem e eu não sabia o que era isso. Hoje, eu uso as redes sociais todo dia”, afirmou.
A dona de casa Genilda Lopes, de 37 anos, disse que, antes do curso, não sabia nem ligar o computador e nem navegar ma rede mundial de computadores. “A internet foi muito importante para mim. Hoje em dia, eu sei mexer na internet. Hoje, eu converso com os amigos pelo Facebook.”
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