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São Paulo

Roger Waters faz espetáculo da resistência e coloca Bolsonaro entre neofascistas

Roger Waters entrega o que promete logo no inicio. A tensão que ele cria com a imagem em seu telão gigante, de uma mulher sentada à beira de um oceano, é incrível. O mundo está prestes a acabar, mas isso só vai ser revelado quando ele estiver próximo de aparecer no palco. “Breathe” levanta as plateias lotadas, com mais uma revelação. No andar de cima das arquibancadas do Allianz Parque, em São Paulo, em cada lateral e ao fundo, Waters usa conjuntos de caixas de som que vão criar o efeito surround. 

“Time” é anunciada com o despertador de um relógio, e o som da plateia fica mais forte que o do palco. O rosto de Waters aparece pela primeira vez no telão e pode se perceber como os anos têm passado. Está mais curvado. Os cabelos longos e mais finos, os olhos mais fundos. A força de sua voz provoca o mesmo efeito.

“Welcome to the Machine” chega tensa e estrondosa. Waters está no centro do palco como um integrante, sem o mesmo protagonismo cênico de suas turnês anteriores. Sua imagem não é a que mais aparece no telão, o que dificulta a vida dos fãs mais distantes do palco. 

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De tão boas, as músicas do disco novo parecem saídas de algum álbum do Pink Floyd. “Deja Vu”, a primeira delas, faz até setores da plateia vip, tradicionalmente a mais dispersa, se calar. Um feito. Depois de “Picture That”, “Wish You Were Here”. E a plateia canta pela primeira vez uma canção inteira.

“Another Brick in the Wall” começa com 12 pessoas encapuçadas como se fossem reféns do Estado Islâmico, imóveis no palco, prestes a serem decapitadas. Quando chega a parte do coro, elas retiram os capuzes. São todas crianças. Há um choque absurdo na plateia. Ao final da música, Waters explica que todas as crianças são brasileiras. 

Uma pausa de 20 minutos é anunciada. Estavam previstas até o final mais nove músicas, com o bis. Uma batalha de gritos de guerra começou logo que as luzes foram acesas. “Fora PT” se revezava com “Ele não”. A plateia urrou, alguns vaiando, outros apoiando, quando o nome do candidato Jair Bolsonaro apareceu na lista de neofascistas do mundo no telão gigante do palco.

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