São 61 anos dedicados ao jornalismo e 28 praticando o ofício na televisão. Boris Casoy, hoje com 76 anos, não pensa em aposentadoria. “Um mês ou dois eu até aguento. Mais que isso, eu seria um caso psiquiátrico. Gosto do que faço. Acho que vou morrer na frente de uma câmera e em cima da bancada de um telejornal”, disse, aos risos.
Embora descarte a possibilidade de encerrar a carreira, chegou a dramatizar um cansaço à Band na tentativa de deixar o Jornal da Noite, comandado por ele há quase nove anos, e se pôs à disposição da emissora para outros horários. Não deu certo.
“Gostava muito do jornal e não tive nenhum problema na Band”, garante. “Ameacei me aposentar porque estava cansado daquele horário, da madrugada. Propus algumas alternativas, incluindo a rádio Bandeirantes, mas o que eu queria não estava disponível.”
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Seu contrato com a Band se encerrou no dia 30 de setembro. Quatro meses antes, foi procurado pela RedeTV!. Em um almoço com a direção de jornalismo, deixou claro que não iria se comprometer até o fim de seu acordo com a antiga casa. “Uma semana antes de meu contrato acabar, me ligaram novamente. E eu topei”, lembra.
Nesta segunda-feira, 17, ele estreia à frente do RedeTV News, principal telejornal da casa, e dividirá a bancada com Amanda Klein. Nas duas últimas semanas, participou das reuniões de pauta do noticiário, conversou com todos os membros da equipe, gravou pilotos para testar o entrosamento com sua nova colega e fez testes de figurino.
“Estou ganhando um pouquinho a mais que na Band, mas é praticamente a mesma coisa. Aceitei vir para cá por dois motivos Primeiro, porque vou trabalhar em um horário mais civilizado. Eu estava sem vida. Segundo, porque é muito mais perto da minha casa. Moro em Alphaville (a RedeTV! fica em Osasco)”, afirma.
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Vestido à paisana, como ele próprio intitula seu traje despojado, uma camiseta de gola polo e uma calça caramelo, ele conversou com a reportagem do Estado em uma das salas de reuniões do prédio ocupado pelo jornalismo da RedeTV!. Falou do prazer em ouvir rádio (“sou bastante eclético. Gosto de tango e de moda de viola”), relembrou seu primeiro trabalho como jornalista (“tinha 15 anos e fazia plantão esportivo. Eu lia os resultados dos jogos de futebol”) e citou alguns de seus bordões (“tenho lido em muitos lugares a frase ‘É preciso passar o Brasil a limpo’. Fui eu quem criei, fico feliz quando leio, e não exijo direitos autorais”).
Embora esteja em uma nova emissora e com novos colegas de trabalho, Boris garante que não mudará seu estilo. As análises e opiniões sobre os cenários político e econômico serão mantidas. “Era o que a RedeTV! queria de mim. Foi a fome com a vontade de comer. A RedeTV! queria esse tipo de jornalismo que eu faço, não sei fazer de outra maneira. Eu não quero ser um mero leitor de notícias. Sou jornalista e, há muito tempo, eu faço análises políticas. E é o que eu acho que faço bem e que tem dado resultado”, afirma. “Sempre que uma emissora lança um novo jornal, vem com o discurso de que fará um programa inovador e um jornalismo diferenciado. Isso não é verdade. O bom jornalismo se faz com boas notícias e boas análises, não com um apresentador de cabeça para baixo ou uma moça de saia justa. Há limites.”
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