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Ditadura Militar

Preso político que sobreviveu à tortura é tema de filme de Emília Silveira

A tortura e a prisão nos porões da ditadura, que voltaram ao debate com a declaração polêmica do deputado Jair Bolsonaro (PP) em homenagem ao general Carlos Alberto Brilhante Ustra, é tema do Galeria F. O documentário da diretora Emília Silveira, que estreou no festival É Tudo Verdade, volta ao passado para falar do presente. Em estilo road movie (filme de estrada) mostra, com passagens bem-humoradas e poucas imagens de arquivo, a história de um preso político que sobreviveu à tortura e à prisão no regime militar, como a própria diretora, ex-presa política.

“Não busco imagem de arquivo para ilustrar o que as pessoas estão dizendo. Acho que o que elas dizem é forte o suficiente. O arquivo entra para reverberar o que o personagem tem a dizer e não para ilustrar”, explicou Emília, que usou, em determinado momento, trecho de entrevista do líder político baiano Antônio Carlos Magalhães para revelar o autoritarismo da época, que levou Theodomiro Romeiro dos Santos, personagem principal do Galeria F, a fugir da cadeia.

Com cenas do interior da Bahia e depoimentos não lineares que descortinam, pouco a pouco, a história de Theo para o público, o documentário refaz a inusitada fuga do ativista, desta vez ao lado do filho Guga, estabelecendo conexão com um passado que não foi expurgado. Era véspera da publicação da Lei de Anistia, que excluiu do perdão militantes condenados por atos terroristas, assassinatos e militares que praticaram todas as formas de tortura.

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Reconstruindo o cotidiano de Theo na prisão, a primeira cena do filme logo revela como a família encarou e registrou o momento em que ele, um ativista no auge da juventude, aos 18 anos, foi condenado à morte, ao reagir à  prisão e matar um militar que perseguia outro companheiro. A foto desse dia, da condenação, ilustra um álbum de família, com muitas outras fotos de filhos e da esposa de Theo na prisão onde ele passou nove anos, antes de fugir, depois de ser ameaçado.

Por meio dos diálogos com o personagem, a própria diretora é obrigada a encarar suas vivências na ditadura. “Emília, você sabe, o desejo de todo preso é fugir”, comenta Theo, hoje anistiado, na cela onde ficou preso na Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador.

“Fiz 20 anos de análise e achava que estava tudo ali arrumado (dentro de mim)”, contou Emília, que também dirigiu o filme 70 (2013), sobre os ativistas trocados no sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, grupo com quem conviveu. “Mas a vivência de fazer os filmes foi uma nova análise”, completou ela, que após a prisão, atuou como jornalista nos principais veículos do país.

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Emília Silveira fez um paralelo entre o golpe militar de 1964, o momento político atual no Brasil e o Galeria F – que estreia no circuito comercial no final deste ano. Em maio, está prevista, no Rio de Janeiro, uma sessão especial.

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