As duas últimas escolas de samba do Rio de Janeiro que passaram no Sambódramo da Marquês de Sapucaí na madrugada desta terça-feira, 9, apresentarram enredos em homenagem a ídolos da música brasileira. A Imperatriz Leopoldinense levou para a avenida a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano. Os dois estavam no último carro, que fazia referência à música É o Amor, sucesso que marcou a trajetória dos irmãos.
Na frente da alegoria estava seu Francisco, o pai da dupla, que incentivou a carreira deles. E foi preciso usar um guindaste para colocá-lo na poltrona reservada para ele na alegoria, para evitar que se cansasse durante o desfile. Mas seu Francisco não teve medo e seguiu as orientações da equipe de segurança. A tranquilidade dele ficou evidente quando o carro dobrou a esquina na Avenida Presidente Vargas para a Marquês de Sapucaí. Logo se levantou e ficou acenando com um chapéu de palha para o público. Os filhos vieram na parte mais alta do carro. Zezé, de verde, e Luciano, de branco, as cores da escola da zona norte do Rio.
Eles não foram os únicos artistas no desfile. A cantora e compositora Paula Fernandes se apresentou no tripé Abelha-Rainha, simbolizando a polinização das abelhas entre girassóis de campos goianos. O ator Ângelo Antônio e a atriz Dira Paes, que representaram o seu Francisco e dona Helena, mãe da dupla, no filme Os Dois Filhos de Francisco, vieram fazendo encenações de um casal em uma casa simples do interior.
Publicidade
No carro decorado com 180 violões, que serão doados depois do desmonte para instituições de ensino de música, vieram, entre outros cantores, Sérgio Reis e Alexandre Pires. No carro de som, ao lado do intérprete Marquinho Art’Samba, tocando uma sanfona, estava a cantora Lucy Alves. A escola fez um desfile correto com os componentes evoluindo bastante e cantando o samba.
O encerramento da noite ficou por conta da Mangueira, em um desfile que emocionou o público. A homenageada foi a cantora Maria Bethânia, pelos 50 anos de carreira. O enredo Maria Bethânia- a menina dos olhos de Oyá permitiu uma Mangueira diferente dos últimos anos.
“Tinha pouco ferro, não tinha muito esplendor. Acho que foi um desfile com visual moderno. Tem um visual diferente, mais leve. Para a Mangueira foi diferente e fico feliz deles terem gostado para caramba”, disse o carnavalesco Leandro Vieira, na dispersão da Marquês de Sapucaí, que durante o desfile comentou que o dengo da baiana estava “dando certíssimo”. O dengo da baiana é uma parte da letra do samba-enredo
Publicidade
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, que é mangueirense, entrou na avenida à frente da escola. Ele disse que o enredo da Mangueira permitiu ainda um apoio à negação à intolerância religiosa. Juca Ferreira destacou também que a carreira de Bethânia é marcada pela valorização da música brasileira e resgate da cultura popular. “Bethânia é uma das grandes artistas do Brasil e seu canto está muito vinculado à cultura popular brasileira. O resgate, a defesa e o canto. Ela expressa o que de há de melhor no Brasil em termos culturais”, disse.
A Mangueira também tinha uma alegoria intitulada Abelha Rainha, mas era uma relação de como a cantora é chamada após ter gravado a música Mel. Neste carro vieram vários amigos da cantora como as também cantoras Ana Carolina, Adriana Calcanhoto e Zélia Duncan, o compositor Moacyr Luz, e a diretora de teatro Bia Lessa, que já dirigiu vários espetáculos de Bethânia.
No fim do desfile, Maria Bethânia, emocionada, acenou para o público das arquibancadas populares da Praça da Apoteose. Ela desfilou no último carro, chamado de Céu de Lona Verde e Rosa, ao lado das afilhadas Nina e Júlia, de 12 anos, e enquanto dava um abraço nelas ouviu o público consagrando a escola com o grito de é campeã.
Publicidade