A criatividade humana não tem limites. E quando essa criatividade é fruto de uma inteligência a serviço do mal, as consequências podem ser trágicas. E de fato foram. O que muita gente só teve a oportunidade de ver através de fotos e ilustrações contidas nos livros de história – e que parecia não passar de ficção –, agora poderá ser visto, em uma exposição que está em cartaz no Centro de Cultura Jornalista Francisco José Frantz (antiga Estação Ferroviária) até o dia 26 de abril. A Mostra Internacional de Instrumentos Medievais de Tortura é uma promoção da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), em parceria com o Instituto Associazione Ricercatori Storici D`Itália.
A mostra nasceu de longa e meticulosa pesquisa. Os 40 instrumentos expostos são doações temporárias de vários museus da Europa. Eles foram utilizados ao longo dos séculos para infligir dor e sofrimento, de forma cruel, àqueles que se insuflavam contra o regime, a religião, a moral, os chamados “bons costumes”, enfim, a ordem estabelecida. Destaque para o machado que decapitou o grande pensador e célebre autor de Utopia, Thomas More.
Dentre os outros instrumentos que poderão ser vistos, o mais antigo é uma cadeira de inquisição, datada de 1181, e o mais recente, um garrote utilizado pela última vez em 1975 – há apenas 40 anos –, quando um jovem estudante de 25 anos foi torturado na Espanha ao se manifestar contra o governo. Logo em seguida ele foi reconhecido inocente. Mentes doentias deram vazão aos inventos mais escabrosos como cintos de castidade, esmaga seios, mesa de evisceração, roda de despedaçamento, entre outros objetos de horror.
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Desde 1985 percorrendo vários estados do Brasil, a mostra já passou por São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. A curadora Carla Andrade acompanha há 16 anos as reações do público. “Tem gente que sai chorando, algumas pessoas ficam muito chocadas, mas também tem quem ainda acredite que a tortura é um método que deveria estar em vigor”, relata consternada. Em Santa Cruz a mostra está em cartaz pela segunda vez. A primeira foi no ano de 1999.
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