Pela segunda vez, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) multou a Confederação Brasileira (CBF) por comportamentos homofóbicos dos torcedores num jogo das Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo Rússia 2018. Desta vez, os incidentes ocorreram na partida contra a Bolívia, no dia 6 de outubro, em Natal. A multa aplicada foi de 25 mil francos suíços (cerca de R$ 83 mil), além de um alerta. Se o ritmo de punições continuar, o Brasil pode ser obrigado a mudar o local de partidas. A entidade nacional ainda foi multada em 15 mil francos (R$ 49 mil) por realizar uma coletiva de imprensa na Venezuela em um local “não oficial”, no dia 11 de outubro.
Essa é a segunda vez em menos de dois meses que a CBF é multada pelo comportamentos dos torcedores brasileiros. Em setembro, ela já havia sido alvo de uma punição, depois dos gritos homofóbicos dos torcedores em Manaus num jogo contra a Colômbia, também válido pelas Eliminatórias. Naquele momento, a multa imposta foi de 20 mil francos. Agora, ela já aumentou. Nos dois jogos, parte da torcida gritava “bicha” a cada lançamento dos goleiros adversários, normalmente em tiros de meta.
Se o comportamento não mudar, fontes na Fifa não descartam adotar sanções mais duras, como impedir o país de jogar em determinados locais. A maior das penalidades até hoje foi imposta contra o Chile que, depois de já ter sido multado, voltou a cometer infrações e agora não poderá disputar o jogo do dia 28 de março contra a Venezuela no Estádio Nacional Julio Martínez Prádanos, em Santiago.
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A multa ao Brasil foi uma resposta clara à CBF e à Conmebol (Confederação Sul-Americana de Fuebol) diante da tentativa dos cartolas, em outubro, de convencer a Fifa de que os gritos de “bicha” eram “culturais”. Wilmar Valdez, presidente da Federação Uruguaia de Futebol, confirmou que reuniões foram mantidas para explicar que o uso de certas palavras para ofender o adversários não tinham o caráter de homofobia.
A Fifa rejeitou e promete que vai continuar sancionando a região. Questionada se o argumento “cultural” era válido, a secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura, rebateu: “É uma questão de educação e não pode ser autorizada”. “O que posso dizer é que precisamos que as pessoas sejam educadas, mesmo que esteja na sua história, na sua cultura, usar palavras não amigáveis contra o adversário. Isso tem de parar. Para a Fifa a tolerância é zero em relação à homofobia, discriminação racial e discriminação de gênero”, respondeu a delegada da Fifa, uma africana, negra, mulher e muçulmana.
“Isso tem de parar. Para a Fifa, a tolerância é zero com relação à homofobia”, acentuou Fatma. “Para mim, a mensagem aos presidentes de federações é de que temos de encontrar uma base comum, trazer educação. Precisamos sensibilizar os torcedores e que tenham uma maior participação na cultura da diversidade e aceitação”, acrescentou.
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Fatma admite que a luta contra esse comportamento é “de longo prazo” e que, além de sanções, um diálogo precisa ser estabelecido com a torcida para convencer os grupos de que se deve falar em respeito. “Sanções não são o único caminho. Tendo experiência na ONU, sou a favor de diálogo. Se sanções fossem as soluções para todos os problemas do mundo, não estaríamos na situação que estamos hoje”, refletiu.