Obra mais problemática da Olimpíada de 2016, o velódromo é alvo de uma negociação para evitar que seja desmontado. Fontes do alto escalão da União Ciclista Internacional (UCI) foram alertados durante os Jogos do Rio que o desmonte da pista estava sendo considerado, diante de um custo de manutenção que chegaria a R$ 120 mil por mês. Imediatamente, a cúpula da entidade passou a buscar alternativas para garantir que o local fosse mantido.
A instalação foi construída pela Prefeitura do Rio com recursos do Governo Federal e custou R$ 143 milhões. Foi a última obra a ser entregue. Feita de pinho siberiano, a pista do velódromo passou a ser uma das mais modernas no mundo.
O brasileiro Ricardo Nogare, conselheiro da UCI, contou com exclusividade à reportagem do Estado que a entidade foi informada de que a manutenção da instalação não era mais uma garantia. Antes do início da Olimpíada, a prefeitura insistia que seu desmonte não estava nos planos. Oficialmente, as autoridades também garantem que o objetivo é a de manter o local
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Mas essa não é a realidade nos bastidores. “A prefeitura do Rio está preocupada com os custos da manutenção e existe uma negociação, inclusive para usar madeira em outros projetos”, disse Nogare. Uma das ideias era de que a madeira fosse utilizada para um projeto social em Morro da Cruz, em Porto Alegre. O material seria usado para construir a sede, brinquedos e bancos.
O mundo do ciclismo rapidamente passou a se mobilizar para evitar que o velódromo seja desmontado. Uma das ideias em discussão desde a semana passada é de que o Ministério do Esporte repasse dinheiro para a prefeitura para ajudar com os custos do local.
A Confederação Brasileira de Ciclismo administraria o velódromo e a UCI traria a Copa do Mundo em dois anos ao Brasil para tentar justificar sua manutenção. Segundo Nogare, um velódromo como o do Rio precisa cerca de quatro eventos de grande porte por ano para conseguir ser mantido. “Não se pode negar que, da forma que está, ele ameaça se transformar em um elefante branco. Mas existem formas que podemos trabalhar para evitar isso”, disse.
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Uma delas é ainda a de transformar o Rio em uma base de treinamento da UCI para ciclistas sul-americanos que, hoje, precisam viajar até a Europa para se aperfeiçoar nas melhores pistas. “O projeto inclui transformar o Rio num centro de excelência”, contou Nogare, que foi o autor do projeto. Nas últimas semanas, o assunto chegou a ser tratado com o ministro do Esporte, Leonardo Picciani.
Desde seu início, o local foi alvo de polêmicas. Um outro velódromo foi construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, na área do Parque Olímpico. Mas a estrutura foi erguida fora do padrão para a Olimpíada. No lugar de realizar uma reforma, a opção foi por demolir e construir um novo.
Mas todos os prazos foram desrespeitados. A entrega, prevista para janeiro, ocorreu apenas no final de maio. Os eventos-teste foram cancelados e houve inclusive uma rescisão contratual.
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