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Luto no esporte

Ex-lutador Muhammad Ali será enterrado em Louisville, sua cidade natal

A lenda do boxe Muhammad Ali vai ser enterrado em sua cidade natal de Louisville, no Estado de Kentucky, nos Estados Unidos. A informação sobre o funeral ex-lutador foi confirmada pelo porta-voz da família de Ali, Bob Gunnel. Ali faleceu na noite de sexat-feira, 3, já madrugada de sábado no Brasil, aos 74 anos de idade por problemas respiratórios em um hospital de Phoenix no Arizona.

Multicampeão mundial de boxe e uma lenda do esporte, Muhammad Ali deixa de legado um histórico impressionante de vitórias no ringues. Ele fez mais de 60 lutas profissionais em sua vitoriosa carreira e as derrotas podem ser contadas nos dedos de uma mão. Com uma técnica impecável e uma resistência fora do comum, ele tornou-se uma lenda no mundo do boxe. Não só pelo seu talento em cima do ringue, mas também por uma postura política que não era comum em atletas de grande expressão.

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Foi no dia 17 de janeiro de 1942 que ele veio ao mundo, na cidade de Louisville, em Kentucky. Por ser o primogênito, ganhou o nome do pai e foi batizado como Cassius Marcellus Clay Jr., que também foi o nome de um importante político abolicionista do século 19 nos Estados Unidos.

O pai era descendente de escravos e trabalhava como pintor. Já a mãe, Odessa O’Grady Clay, era empregada doméstica. Com apenas 12 anos, o pequeno Cassius conheceu o técnico de boxe Joe Martin, que também era chefe de polícia na cidade. Em uma tentativa de assalto, o garoto reagiu com socos para evitar que o ladrão roubasse sua bicicleta. Logo Martin viu o menino em ação e recomendou que ele praticasse boxe, para aprender a se defender

Com apenas 40 quilos, o pequeno Cassius passou a aprender os primeiros golpes de boxe com o próprio Martin e em seis meses fez sua primeira luta, ganhando por pontos após três rounds. Aquela modalidade fascinava o garoto, que treinava com afinco e dedicação. Era atrevido em cima do ringue e se esforçava mais que qualquer outro atleta.

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Aos 18 anos, o boxeador disputou os Jogos de Roma, em 1960, já tendo Chuck Bodak como técnico, e teve sua primeira grande vitória: superou o medo de avião para voar até a Itália para competir. Para isso, fez questão de levar um paraquedas dentro da aeronave, para usar em caso de emergência. Voltou com a medalha de ouro na bagagem, ao vencer o polonês Zigzy Pietrzykowski, e muitas boas recordações da competição, onde demonstrou todo seu carisma e foi até apelidado de “Prefeito da Vila Olímpica”.

Aliás, nos Jogos de Roma ele já chamou a atenção pelo excelente trabalho de pernas no ringue e meses depois fez sua primeira luta como profissional, contra Tunney Hunsaker, e venceu por decisão unânime. A partir daí foram 18 combates, todos com vitória, sendo 15 por nocaute, até ter a chance de disputar o cinturão dos pesados contra Sonny Liston. Venceu por nocaute, no sétimo round, e ficou com o título da Associação Mundial de Boxe e do Conselho Mundial de Boxe.

Ele tinha recém-completado 22 anos e já era campeão do mundo. A fase amadora de sua carreira no boxe serviu para lhe dar experiência para os combates que estariam por vir. Aliás, o cartel dele quando era amador não é preciso, mas estima-se que tenha tido mais de 100 vitórias no mínimo e menos de dez derrotas, ou seja, um aproveitamento excelente.

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Só que logo após a vitória sobre Liston, que foi movida por muita provocação entre os lutadores, Cassius resolveu mudar de nome e passou a se chamar Muhammad Ali, nome escolhido pelo líder nacional do Islamismo, religião que ele adotou. Na ocasião, o boxeador falou que não queria usar seu sobrenome de escravo que ele não havia escolhido.

Para sua infelicidade, ele acabou tendo seu cinturão da Associação Mundial de Boxe retirado. A entidade alegou outros motivos, mas no fundo o atleta achou que era por causa de sua opção pelo Islamismo. Pouco mais de um ano depois de conquistar o cinturão, veio a revanche contra Sonny Liston. A vitória veio com pouco mais de dois minutos no primeiro round.

Depois disso engatou uma sequência de dez defesas de cinturão sem derrota. Em 1967, após a vitória sobre Zora Folley, se recusou a aceitar a convocação do exército para combater na Guerra do Vietnã. Ainda disse que não via motivos para lutar contra os vietcongues porque “nenhum deles me chamou de crioulo” Por causa dessa negativa, foi suspenso do boxe e teve seus títulos confiscados. Até ali tinha um cartel de 29 vitórias sem derrota, sendo 22 por nocaute.

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Ali retornou aos ringues em 1970 e foi no ano seguinte que sofreu o primeiro revés como profissional, ao perder para Joe Frazier por decisão unânime. O pugilista se recuperou na luta seguinte, contra Jimmy Ellis, e emendou mais nove vitórias até cair novamente, desta vez diante de Ken Norton, por decisão. Só que na revanche com o rival, em setembro de 1973, venceu também pela contagem dos pontos.

No ano seguinte, venceu Joe Frazier e ganhou moral para enfrentar George Foreman, no Zaire, naquela que é considerada uma das maiores lutas da história. Ganhou por nocaute no oitavo assalto e embolsou US$ 5 milhões na época. De 1975 a 1977, Foram dez defesas de cinturão sem derrota.

Um novo revés veio em 1978, contra Leon Spinks, mas na revanche ele retomou o cinturão. Fez mais duas lutas ainda na carreira, contra Larry Holmes e Trevor Berbick, e foi derrotado em ambas antes de pendurar as luvas. Longe dos ringues, sua luta passou a ser contra as doenças. Em 1984 foi diagnosticado com Mal de Parkinson. Como diante de adversários mais fortes, soube se esquivar até quando teve fôlego.

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Pelé e Barack Obama prestam homenagens ao mito Muhammad Ali
Muhammad Ali é considerado um dos melhores boxeadores de todos os tempos, mas seu impacto transcendeu as barreiras da modalidade. Tanto pela revolução que causou no esporte, quanto pela personalidade forte e a luta pela igualdade racial, o norte-americano inspirou pessoas de todas as classes e segmentos ao redor do mundo. Por isso, sua morte foi tão lamentada.

Até mesmo o maior jogador de futebol de todos os tempos, tão acostumado a ser idolatrado por todos, revelou ele próprio ser fã do boxeador, a quem prestou reverência e chamou de “herói”. “O universo do esporte sofre uma grande perda. Muhammad Ali era meu amigo, meu ídolo, meu herói. Passamos muitos momentos juntos e sempre mantivemos contatos todos esses anos. A tristeza é enorme. Desejo que ele descanse junto a Deus e amor e força à sua família”, escreveu Pelé em sua página no Facebook.

Entre outros, Ali inspirou com seu ativismo Barack Obama, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos. Por isso, Obama também fez questão de reverenciar o boxeador, principalmente por sua postura longe do esporte.

“Ele foi um homem que lutou pelo que era certo. Se levantou quando era difícil, falou quando os outros se calaram. Sua luta fora do ringue custou seu título e imagem pública, deu-lhe inimigos, mas Ali manteve sua posição. E sua vitória ajudou a nos acostumar com a América que reconhecemos hoje. Como todos no planeta, Michelle e eu lamentamos sua morte. Mas também somos gratos a Deus pela sorte que tivemos por tê-lo conhecido, ainda que só por um pouco; o quão afortunados somos pelo fato de o maior de todos ter escolhido agraciar nosso tempo”, comentou.

Se o maior de todos os tempos no futebol idolatrava Ali, o melhor jogador de basquete da história não ficou atrás. Michael Jordan foi outro que divulgou nota lamentando a morte do boxeador e elogiando seu ídolo.

“É um dia triste para mim e para o mundo. Muhammad Ali foi gigante nos esportes e maior ainda na vida. Ele dizia que era ‘O Maior’ e estava certo. Ele foi o maior de sua era nos ringues e um ícone global nos esportes. Eu era criança, mas consigo me lembra de algumas de suas lutas épicas e estilo impecável. Meus sinceros pêsames a sua esposa Lonnie, seus filhos e sua família”, comentou.

Com informações do Estadão Conteúdo

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