Eleito na noite deste domingo, 29, como novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL) concedeu entrevista ao vivo ao Jornal Nacional nesta segunda-feira. Ele respondeu a perguntas sobre os temas Constituição, preconceito, violência, liberdade de imprensa e ainda falou sobre o discurso em que usou a expressão “marginais vermelhos”. Bolsonaro disse também que se o Brasil não sair da crise, todos sofrerão as consequências. “Nós queremos é, juntos, juntos com vocês, afinal de contas, nós temos tudo, tudo para ser uma grande nação. O que está faltando é a união de todos, evitar as divisões.” Durante a entrevista, o militar da reserva afirmou que convidará o juiz federal Sérgio Moro para ser o ministro da Justiça ou o indicará para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal. “O juiz Sérgio Moro é um símbolo aqui no Brasil. Eu costumo dizer que é um homem que perdeu sua liberdade no combate à corrupção.”
Ao ser questionado sobre temas polêmicos tratados durante a campanha, como o preconceito e a violência, Bolsonaro disse que a agressão tem que ser punida “na forma da lei”. Ele explicou ainda porque ficou rotulado como homofóbico. “A agressão contra os semelhantes tem que ser punida na forma da lei e se for por um motivo como esse tem que ter pena agravada. Deixo bem claro: ganhei rótulo por muito tempo de homofóbico. Na verdade, fui contra a um kit feito pelo então ministro da Educação, Haddad, que de 2009 para 2010, onde chegaria nas escolas um conjunto de livros e cartazes e filmes onde passaram crianças se acariciando e meninos se beijando. Não poderia concordar com isso. A forma como ataquei essa questão é que foi um tanto quanto agressiva, porque achava que o momento merecia isso. Tivemos em parte sucesso porque no ano seguinte a presidente Dilma, depois de ouvir as bancadas evangélica e católica, resolveu recolher o material. Mas o rótulo ficou em cima de mim.”
O presidente eleito se disse ainda favorável à liberdade de imprensa, mas relatou um episódio que julgou injusto.”Tem uma senhora de nome Valderice, minha funcionária, que trabalhava na vila histórica de Mambucaba, e tinha uma lojinha de açaí. O jornal Folha de S.Paulo foi lá neste dia 10 de janeiro fez uma matéria e a rotulou de forma injusta como fantasma. É uma senhora, mulher, negra e pobre. Só que nesse dia 10 de janeiro, segundo boletim administrativo da Câmara de 19 de dezembro, ela estava de férias. Então, ações como essa, por parte de uma imprensa, que mesmo a gente mostrando a injustiça que cometeu com uma senhora, ao não voltar atrás, logicamente que eu não posso considerar essa imprensa digna.” Segundo ele, “(…) imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradamente, não terá apoio do governo federal.”
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Bolsonaro também foi questionado sobre quem seriam os “marginais vermelhos”, expressão usada por ele no período de campanha. “Foi um discurso inflamado, com a Avenida Paulista cheia e logicamente estava me referindo à cúpula do PT e à cúpula do PSOL. O próprio Boulos havia dito que invadiria minha casa na Barra da Tijuca por não ser produtiva. Vimos o candidato do PT derrotado em vídeo dizendo que a crise no Brasil só acabaria quando Lula fosse eleito presidente.” Ele alegou ter mencionado o termo em um “momento de desabafo” e em um “discurso acalorado”, porém, sem ofender “a honra de ninguém.”
Sobre a Constituição, Bolsonaro afirmou que quer governar “para todos”. “Primeiro, dizer-lhes que as eleições acabaram. Chega de mentira. Chega de fake news. Realmente agora estamos em uma outra época. Eu quero governar para todos, como você bem disse, no Brasil. Não apenas para os que votaram em mim. Temos uma Constituição que tem que ser, realmente, a nossa bíblia aqui na terra. Respeitá-la, porque só dessa maneira podemos conviver em harmonia.”
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