ATUALIZADO ÀS 21H20
Os três deputados federais que representam o Vale do Rio Pardo em Brasília estão entre os que receberam doações oficiais do Grupo JBS na eleição de 2014. Todos os repasses constam nas prestações de contas encaminhadas ao Tribunal Superior Eleitoral e, portanto, não configuram caixa dois.
Dos três, Luiz Carlos Heinze (PP) recebeu o valor maior. Ao total, ele ganhou R$ 500 mil da empresa. Os repasses foram divididos em três – dois de R$ 200 mil e um de R$ 100 mil. De acordo com Heinze, os recursos foram destinados pelo diretório nacional da legenda. “Eles estavam distribuindo dinheiro, eu precisava e procurei”, comentou, Heinze.
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O deputado federal diz que chegou a perguntar para outros políticos, como a senadora Ana Amélia (PP), sobre os recursos. “O pessoal da JBS me cedeu dinheiro legal. Como eu vou saber a origem do dinheiro deles?”, finaliza o deputado.
Heitor Schuch (PSB) recebeu R$ 150 mil do Grupo JBS. Foram dois repasses – um de R$ 50 mil e outro de R$ 100 mil. O dinheiro foi repassado diretamente ao então candidato pela JBS Aves. De acordo com Schuch, não ocorreu nenhum tipo de irregularidade. Para o deputado, não há nenhum mistério nos repasses. “Para mim, não tem nada de novo”, comentou.
“Eu fiz a campanha eleitoral cumprindo a legislação eleitoral de 2014. A prestação de contas foi feita dentro dos prazos estabelecidos, com documentação anexa e tudo foi aprovado pelo tribunal”, explicou, o deputado.
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Por fim, o deputado federal Sérgio Moraes (PTB) foi contemplado com R$ 109.920. Foram quatro repasses. Dois de R$ 38,5 mil, um de R$ 22.920 e outro de R$ 10 mil. O dinheiro foi destinado pelo Partido Trabalhista Brasileiro do Rio Grande do Sul, com base em doações da JBS. Na época, todos o candidatos do PTB tiveram as contas rejeitadas por não haver relação entre as receitas das doações para o partido com os valores repassados para os candidatos. Depois, a legenda precisou indicar os doadores originários e fazer a vinculação para que a Justiça Eleitoral aprovasse as contas de campanha.
“Nunca falei com eles (executivos da JBS). Não conheço. Nunca estive perto dessa gente. Quem me deu o dinheiro foi o partido”, explicou Moraes. Segundo o deputado federal, ele só soube da origem do valor quando teve as contas rejeitadas. “Eu pedi dinheiro para o partido e o partido me deu. Daí eu declarei. Só fiquei sabendo que tinha doações da JBS e de outras empresas muito tempo depois”, finalizou.
DOAÇÕES
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Em delação premiada, o diretor da JBS, Ricardo Saud, afirmou que a empresa distribuiu propinas por atacado no meio político brasileiro. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, ele afirmou que 1.829 candidatos, de 28 partidos, receberam dinheiro.
As doações ilícitas foram de quase R$ 600 milhões. O grosso dos recursos, segundo o delator, foi destinado aos candidatos em troca de contrapartidas no setor público. “Tirando esses R$ 10, R$ 15 milhões aqui, o resto tudo é propina. Tudo tem ato de ofício, tudo tem promessa, tudo tem alguma coisa”, relatou.
Entre os nomes citados em delação, está o pesidente Michel Temer (PMDB), o senador afastado Aécio Neves (PSDB), o ex-presidente Lula (PT) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), teria recebido R$ 1,5 milhão para a campanha de 2014.
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