Começaram ontem as tratativas entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para definir o novo relator da Lava Jato na Corte. A presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia, conversou com ministros sobre o assunto. Ela precisará decidir quem vai herdar a investigação que estava a cargo do ministro Teori Zavascki, morto na semana passada em um acidente de avião. O presidente Michel Temer disse que só anunciará o nome do novo ministro que irá compor a Corte após a definição do Supremo sobre o novo relator da investigação sobre a Petrobras.
Além das conversas com os colegas de tribunal, Cármen Lúcia se reuniu com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Oficialmente, ele foi “prestar condolências” à presidente. Nos bastidores, Janot tem revelado preocupação com o futuro da Lava Jato e principalmente com a homologação das delações da Odebrecht, que se encontram em compasso de espera. Cármen Lúcia avalia a possibilidade de autorizar que a equipe de juízes auxiliares que recebeu delegação de Teori para trabalhar nas delações durante o recesso continue isso na próxima semana. Estavam previstas audiências dos juízes com os 77 delatores da empreiteira, para confirmar se os acordos com o Ministério Público foram fechados de forma espontânea.
A expectativa é de que a presidente tome decisões sobre o assunto nos próximos dias. Ela conversou com os ministros sobre as possibilidades e escutou a opinião dos colegas. Ministros ouvidos reservadamente mostram opiniões distintas. Uma parte defende que o novo relator da Lava Jato deve ser definido em um sorteio entre todos os integrantes da Corte. Uma segunda corrente entende que o sorteio deve ser restrito à Segunda Turma do tribunal, da qual Teori fazia parte. Outros ministros avaliam que o regimento indica que o revisor do caso deve assumir as ações. Nesse caso, o revisor da Lava Jato é Celso de Mello. Já no plenário, é o ministro Luís Roberto Barroso.
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Além de receber Janot e telefonar aos ministros, Cármen Lúcia passou boa parte da tarde no gabinete de Teori e conversou com os assessores dele. Ainda não é certo se ela comparecerá à missa de sétimo dia, que será realizada amanhã em Porto Alegre. (AE)
Em sigilo
O juiz da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis (RJ), decretou ontem sigilo nas investigações sobre a queda do avião que matou o ministro Teori Zavascki. A bancada do PT na Câmara divulgou nota dizendo “estranhar” a decisão. Hoje a Polícia Federal e o Ministério Público Federal vão ouvir depoimentos de testemunhas que viram o King Air mergulhar na água perto da Ilha Rasa, no início da tarde de quinta-feira, em meio a uma tempestade. Iniciado no domingo, o resgate dos destroços foi concluído ontem. O que sobrou do avião será levado para o Rio, onde será periciado pela Aeronáutica.
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