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Câmara

Aproximação de vereadores com o PP incomoda petistas

A decisão dos vereadores do PT de se aliarem ao grupo governista na eleição da Mesa Diretora da Câmara no último domingo, que consolidou uma inédita aproximação entre o partido e o PP do prefeito Telmo Kirst em Santa Cruz do Sul, é vista com reservas por alguns dos principais líderes da sigla.

Ex-vereador e um dos quadros mais antigos da legenda no município, João Pedro Schmidt classificou o movimento como “um erro” e disse que essa aproximação “não vai ao encontro da tradição do PT em Santa Cruz”. Segundo Schmidt, o partido vem evitando alianças com o PP no Rio Grande do Sul porque as legendas estão em “blocos ideológicos distintos”. “E há um simbolismo importante em jogo, porque nós surgimos como uma alternativa ao bloco da Arena (hoje PP)”, acrescentou.

Conforme Schmidt, a tendência mais natural para o PT seria manter-se no bloco de oposição. Embora reconheça que o partido costuma respeitar a autonomia dos seus parlamentares, disse esperar que os vereadores se orientem pelo partido nas “questões de fundo”. “Podemos contribuir com o município fazendo uma boa oposição. A nossa política é de matiz popular, algo que o PP nunca foi.”

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De acordo com Rejane Henn, que acaba de encerrar um mandato na Câmara e foi uma das principais opositoras ao governo Telmo na legislatura passada, a aproximação com o governo é “bastante difícil” e as razões para uma eventual aliança em nível de Executivo precisam ser “muito bem avaliadas politicamente”. Para ela, o acordo dos vereadores foi fechado sem diálogo interno. “As negociações se deram, exclusivamente, pelos vereadores eleitos, desrespeitando as instâncias partidárias e todos os outros candidatos que os ajudaram”, acusou.

Presidente vai convocar debate

Primeiro-suplente da bancada petista, Alberto Heck afirmou que a possibilidade de uma coligação com o governo não pode ser descartada, mas ponderou que é preciso discutir um possível impacto sobre a imagem do partido frente à comunidade. “Temos que sair da posição de intransigência, porque intransigência gera isolamento. Se houver o convite, temos que fazer uma análise do que isso significa, se vale a pena e o quanto isso pode prejudicar a nossa imagem”, concluiu.

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O presidente do PT no município, Renato Araújo, disse que irá convocar uma reunião nos próximos dias para o partido dar início a uma discussão sobre um eventual ingresso no governo Telmo. Araújo, no entanto, não quis antecipar um posicionamento particular. “No sistema político brasileiro, não existe possibilidade de um partido trabalhar sozinho. Mas isso acaba gerando uma salada ideológica que confunde o eleitor. Tudo isso teremos que avaliar”, observou.

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