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Brasil

Grupos de direitos humanos cobram posição de Temer sobre Bolsonaro

A decisão do vice-presidente Michel Temer de permanecer em silêncio nesta fase do impeachment foi mal recebida por um setor, em especial, que atua numa área delicada do País e do exterior. Movimentos de direitos humanos cobram de Temer um posicionamento sobre a declaração do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), que, na votação na Câmara para afastar a presidente Dilma Rousseff, homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado de torturas na ditadura militar.

Um dos mais destacados defensores de perseguidos políticos do Cone Sul nos anos 1970 e 1980 o historiador gaúcho Jair Krischke diz que, diante do que falou Bolsonaro, nenhuma figura de expressão no Brasil pode silenciar. “Temer precisa deixar claro sua posição, pois Bolsonaro pode se habilitar como um dos seus apoiadores, o que irá contaminar uma autoridade que se diz democrática.” Krischke sempre foi uma voz independente do governo federal, antes e depois da chegada do PT ao poder. “O que ocorreu na Câmara é um desrespeito aos brasileiros também de direita.”

O jornalista Audálio Dantas afirma que Bolsonaro é figura conveniente para os defensores do impeachment. Ele critica o silêncio de Temer. “Não falar nada sobre Bolsonaro é algo conveniente, pois o deputado é mais um aliado.” Audálio, que comandou o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo no tempo da ditadura, avalia que a votação do último dia 17 escancarou um Parlamento indesejável.

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O jornalista Sérgio Gomes, da Oboré Editorial, entidade que promove o debate de direitos humanos, avalia que “a posição do Bolsonaro já é conhecida, o que a gente não sabe é a do Temer”. “Se o vice não apresentar uma posição clara, deixará visível a omissão. Como costuma dizer o rabino Henry Sobel, o silêncio frente a uma injustiça é o pior dos pecados.” Ele diz que os dois lados do impeachment tentam impor sua versão, mas a apologia ao crime não pode ser aceita por ninguém.

“Abjeta”
Em nota intitulada “Fora já”, o Instituto Vladimir Herzog destacou que a cassação de Bolsonaro por falta de decoro parlamentar é o mínimo que a Câmara deve fazer. A entidade pediu aos deputados federais de “todos os partidos” para expulsarem a “figura abjeta”.

A Rede Latino-americana de Justiça de Transição, que reúne entidades do setor no continente, prepara um manifesto contra a postura de Bolsonaro ao homenagear Ustra, que chefiou o Destacamento de Operações de Informações (DOI) durante a ditadura. Procurado pelo Estado, Temer não se pronunciou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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