Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

País

Dilma se diz injustiçada e indignada em primeira entrevista após decisão da Câmara

A presidente Dilma Roussef se pronunciou na tarde desta segunda-feira, 18, pela primeira vez após a decisão da Câmara dos Deputados de aprovar a abertura do processo de impeachment em sessão que aconteceu nesse domingo, 17. Ela destacou, mais de uma vez, se sentir indignada e injustiçada com a decisão. Segundo ela, “o processo não tem base de sustentação”.

“Eu recebi 54 milhões de votos e me sinto indignada com a decisão”, afirmou. “A injustiça ocorre quando de uma forma absurda, se acusa alguém sem explicar o problema”, completou. Ela destacou que assistiu a sessão da Câmara dos Deputados e não viu nenhum parlamentar se referir ao crime de responsabilidade fiscal, “que é a única maneira de julgar um presidente no Brasil, já que é isso que a Constituição prevê”. 

“No início, quando dá aceitação da abertura do processo, as razões que levam à aceitação não são razões fundadas na necessidade de aceitação, mas numa espécie de vingança pelo fato de não termos aceitado negociar os votos dentro da comissão de ética”, completou.

Publicidade

Dilma ainda salientou que não cometeu crime de responsabilidade. Segundo ela, os atos pelos quais é acusada já haviam sido cometidos por outros presidentes e não foram considerados ilegais ou criminosos. “Portanto, quando me sinto indignada e injustiçada é porque a mim se reserva um tratamento que nunca foi destinado a ninguém”, explicou. Além disso, salientou que seus atos foram baseados em pareceres técnicos e que não a beneficiaram de maneira pessoal.

A presidente ainda destacou o fato de não haver contra ela nenhuma acusação de desvio de dinheiro público, diferente de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados. “Aqueles que praticaram atos ilícitos e têm conta no exterior presidem a sessão que trata de uma questão tão grave como é o impedimento de um presidente da República”, ressaltou, se referindo a Cunha. 

Dilma afirmou que também se sentia injustiçada porque fizeram com que os últimos 15 meses de governo tenham governado em clima de instabilidade política. “Praticaram sistematicamente a estratégia do quanto pior melhor. Pior para o governo, melhor para a oposição”, afirmou ela, lembrando das pautas-bomba que tramitaram no Congresso, inclusive a que mudou dívidas dos Estados, com um prejuízo estimado de R$ 300 bilhões. “Sabemos de todas as circunstâncias, que projetos importantes necessários para a retomada do crescimento ou eram postergados ou não eram votados”, afirmou.

Publicidade

 

or fim, Dilma declarou estar com a consciência limpa, garantiu que não vai perder a “força, ânimo e coragem para enfrentar o que está acontecendo” e prometeu não se abater. “Na minha juventude, enfrentei por convicção a ditadura. Agora enfrento um golpe de Estado”, salientou para depois atacar Michel Temer. “É estarrecedor que um vice-presidente, no exercício do seu mandato, conspire contra a presidente abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitada. A sociedade humana não gosta de traidor”, comentou. 

Os deputados aprovaram nesse domingo, por 367 votos, o prosseguimento do processo contra Dilma. Se a admissibilidade do afastamento for aprovada também pelos senadores, como foi na Câmara, a presidente será afastada por até 180 dias, enquanto o Senado analisa o processo em si, e define se Dilma terá o mandato cassado.

Publicidade

Antes da entrevista, a presidente recebeu líderes da base aliada na Câmara dos Deputados para debater estratégias. Após o encontro, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que a luta para barrar o impeachment no Senado está “apenas começando”. 

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.