O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criou oficialmente nesta quinta-feira, 3, comissão especial que analisará a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A iniciativa, anunciada formalmente após a leitura do parecer do peemedebista pelo acolhimento do pedido de afastamento da petista, é o primeiro passo para o início da discussão na Câmara dos Deputados em relação ao processo de impeachment.
O peemedebista marcou para a próxima segunda-feira, 7, a escolha dos 65 integrantes da comissão especial que analisará a abertura do processo. Na terça-feira, 8, o órgão legislativo será instalado, com a escolha do presidente e do relator do processo.
Os partidos que integram a base aliada do governo federal indicarão mais da metade dos deputados federais que farão parte da comissão especial. Ao todo, o bloco governista contará com 36 de 65 integrantes do colegiado parlamentar, enquanto os partidos de oposição terão apenas 17, menos de um terço do total.
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O restante será formado por partidos independentes e nanicos, como Rede e PSOL. A divisão partidária é feita de acordo com a representatividade das bancadas dos partidos na Câmara dos Deputados. Apesar de fazerem parte da base aliada, há divergências em relação ao impeachment da presidente mesmo dentro de partidos que compõe a equipe ministerial.
No PMDB, por exemplo, com o respaldo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputados federais favoráveis ao impeachment ameaçam retaliar o líder da bancada do partido, Leonardo Picciani (RJ), caso ele não indique integrantes do grupo para a comissão especial. Ao todo, a sigla com a maior bancada da Casa Legislativa ocupará, assim como o PT, 8 das 65 cadeiras do colegiado parlamentar, o maior número destinado a um partido político.
A prerrogativa de escolha é do líder da legenda, que, segundo a reportagem apurou, avisou à bancada peemedebista que não colocará “pessoas que tenham posições radicais”. Picciani se distanciou de Cunha ao ter ensaiado uma aproximação com o Palácio do Planalto e ter iniciado campanha para a sucessão do presidente da Câmara dos Deputados.
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Como retaliação, os peemedebistas favoráveis ao impeachment preparam um abaixo-assinado pela saída do deputado federal da liderança do partido e articulam para evitar a sua reeleição ao posto no ano que vem. O cargo é considerado essencial por Picciani para se viabilizar como sucessor natural de Cunha caso ele perca o mandato.
Na quarta-feira, 2, Picciani avaliou que Cunha “cometeu um equívoco” ao acatar o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Ele disse ainda não há “motivo jurídico” para pedir o afastamento da petista.
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