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Brasília

Após pressão, Cunha vai devolver dinheiro a deputados faltosos

Após virar alvo de uma intensa pressão interna, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recuou e anunciou nesta quinta-feira, 23, que vai devolver parte do dinheiro descontado do salário de deputados que faltaram a votações no mês de março. Os contracheques dos 513 deputados relativos ao mês passado caíram como uma bomba nos gabinetes, havendo relatos de desconto por falta de até R$ 10 mil. Hoje o subsídio é de R$ 33.763 brutos.

“Salário não é coisa para ninguém estar metendo a mão. É inviolável, só a justiça tem o direito de mexer nisso”, reclama o deputado Cabo Sabino (PR-CE), que teve corte de R$ 5,4 mil no holerite. Ele diz concordar com o desconto salarial quando o parlamentar deixa de trabalhar de fato. “Ele [Cunha] está colocando falta por votação e nós temos que ser avaliados por um dia inteiro de trabalho. Passamos as manhãs nas comissões, recebendo autoridades, visitando ministérios e porque você chega às vezes cinco minutos atrasado e perde uma votação, fica com o dia todo prejudicado? É jogar um balde de água fria em um trabalho feito durante o dia todo.”

Na sessão desta quinta-feira, Eduardo Cunha afirmou que a Câmara vai liberar uma folha salarial suplementar, relativa a março, para devolver valores descontados. “Comunico que, em razão de várias reclamações ocorridas e pelo desconhecimento que havia da matéria, estamos fazendo revisão do critério que foi adotado para os descontos do mês de março, que causou muita polêmica.”

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Apesar do recuo, Cunha afirmou que pretende manter a rigidez no controle de presença. “Apelamos a vossas excelências que compreendam que não há outra maneira de manter o quórum que não seja premiando aqueles que estão presentes, infelizmente, com o desconto previsto no regimento para aqueles que não estiverem presentes”, afirmou. O reembolso, cujo valor ainda está sendo calculado pela área técnica da Câmara, levará em conta a seguinte situação: se o parlamentar estava presente em uma das votações do dia não terá desconto mesmo que tenha se ausentado nas demais.

Cunha estabeleceu como regra ser necessário estar presente até a última votação para não ter desconto no salário. O seu objetivo é garantir o quórum alto até o final das sessões. Isso tem permitido a ele realizar um número de votações recorde no plenário. A medida também permitiu a retomada das votações nas quintas-feiras. Mas a pressão também já flexibilizou essa última novidade. As votações nas tardes de quinta foram transferidas para a parte da manhã para que os deputados possam viajar a tarde de volta aos seus Estados.

“Falei pra ele: Eduardo, a sociedade gostou dessa história, mas tem deputado chegando em casa no sábado. O cara tem agora que pegar um voo na sexta, depois pega um carro e anda 800 km e chega no sábado em casa. É um caos”, afirma o deputado Paulinho da Força (SDD-SP).

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