Mesmo com forte intervenção do Banco Central, que injetou um total de US$ 2,3 bilhões hoje no mercado de câmbio, o dólar subiu 1,85% e fechou a terça-feira a R$ 3,8101, maior cotação desde 3 de março de 2016 (R$ 3,8102), período que antecedeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O real foi a moeda que mais perdeu valor hoje ante a divisa dos Estados Unidos entre os principais emergentes, em meio a um quadro de renovadas incertezas com os rumos da economia brasileira e com as eleições O dólar já subiu quase 15% só em 2018 e especialistas em câmbio apontam que o mais provável é que siga se fortalecendo no Brasil e outros mercados.
A relativa calmaria vista no mercado de câmbio na segunda-feira durou pouco e o dólar já começou o dia em alta forte, movimento que continuou pela manhã e fez a moeda bater em R$ 3,80 pela primeira vez desde maio de 2016. Com isso, o BC teve que anunciar um leilão extraordinário de swap, que previa a venda de até US$ 1,5 bilhão em contratos. Como o lote não foi integralmente vendido, foi anunciado um leilão residual. Foi a primeira vez que o BC fez uma atuação discricionária no mercado desde 18 de maio do ano passado, um dia após a divulgação do áudio que o empresário Joesley Batista gravou com o presidente Michel Temer.
Especialistas argumentam que o mercado pode estar querendo um BC ainda mais agressivo e por isso testou a autoridade monetária hoje. “O BC não conseguiu conter hoje a pressão altista no dólar”, afirma Cleber Alessie Machado Neto, operador da corretora H.Commcor. Para ele, uma das formas para acalmar os investidores pode ser por meio dos chamados leilões de linha, quando a autoridade monetária oferta dólar à vista com compromisso de recompra no futuro. “Os ativos brasileiros estão muito fragilizados”, disse ele ao falar das preocupações com as eleições e com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.
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O gerente de câmbio do Ourinvest, Bruno Foresti, não vê o dólar caindo de forma sistemática abaixo de R$ 3,70 no curto prazo. O quadro de elevada incerteza eleitoral, atividade econômica abaixo do previsto e a chance de mais elevações de juros nos Estados Unidos deve manter a moeda norte-americana pressionada. “Estamos com um cenário muito fragilizado na economia e a situação política está embaralhada”, disse Foresti. Um pesquisa do portal DataPoder360 mostra uma polarização entre o candidato Jair Bolsonaro e o ex-ministro Ciro Gomes, este último com perfil mais heterodoxo na economia, além de reforçar a falta de fôlego da candidatura de Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo.
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