Um dado de altíssimo impacto econômico e social tem passado quase batido na nossa rotina. Ele não interfere apenas na nossa estrutura e no nosso custo, mas inclusive sopra nuvens pouco alvissareiras sobre o futuro da nação, a curto e médio prazos. Pode que alguém tenha um entendimento diferente do caso, e até gostaria de ouvir esses, de opinião contrária, a argumentarem com as suas razões, se houver algum argumento nesse sentido.
Esse fato mereceria bastante atenção nesses dias em que estaremos sendo massacrados pelo embate entre partidários pró e contra Lula, cujo julgamento de recurso, em segunda instância, no TRF4, em Porto Alegre, está previsto para amanhã. O dado acima mencionado, em minha interpretação, está curiosa e diretamente associado à trajetória dos governos liderados por Lula.
Na véspera do Natal, o IBGE divulgou pesquisa em que identificou que, dos 51,6 milhões de brasileiros com idade entre 14 e 29 anos, 20% não trabalham e nem estudam. Não estudam nem no ensino regular, nem em qualquer tipo de curso profissionalizante. É a famosa faixa dos jovens “nem-nem”, que, embora não esteja se dedicando a coisa alguma no que diga respeito a formação ou ocupação profissional, precisa que alguém os mantenha (a família – ou a sociedade, isto é, nós todos). Em outros termos, no todo desse grupo, que estaria justamente no auge da energia de qualificação ou de produção, e até já perto da metade de uma vida profissionalmente ativa, um em cada cinco está de bobeira. Não se precisa ser um gênio para intuir o custo social disso.
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Se lembrarmos que Lula assumiu a presidência em seu primeiro governo em 2003, temos um período de 15 anos em que foram implantadas as suas prioridades no País. Entre estas nunca esteve o estímulo ao estudo, tendo em vista que Lula enchia a boca para dizer que era alguém que nunca estudou. Ele poderia ter mudado, ainda que minimamente, esse panorama, inserindo os jovens no mercado de trabalho e no mundo do ensino. Ironicamente, fez o contrário. Por mais que tivesse dado aval a programas de “estímulo” na linha do Fies, com seu recado é fácil compreender por que, ao invés de avançarmos em índices de qualificação e de priorização dos estudos, tivemos efeito inverso.
O padrinho dessa geração “nem-nem” é Lula, com sua filosofia de vida. É uma herança que devemos a ele. Na média das regiões nacionais, o Sul tem 15,5% da população entre 14 e 29 anos na faixa dos “nem-nem”. Sudeste e Centro-Oeste estão similares, com 18,7% e 18,6%. Mas é no Norte, com 22,3%, e Nordeste, com 25,5%, que estão os casos mais graves, justamente onde está o curral político de Lula. Onde ele é rei, um em cada quatro jovens nessa idade não estuda e nem trabalha. Essas regiões, pelo visto, não apenas votam em Lula: elas o têm como exemplo.
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