A história de Santa Cruz do Sul é marcada pela participação de imigrantes de várias nacionalidades. Na Gazeta de 2 de setembro de 1965, Luiz Beck da Silva destaca as figuras dos espanhóis Jesus Gil e Lino Garcia, especialistas na construção de pontes de pedra em arco.
Eles vieram ao Brasil para trabalhar em obras da Viação Férrea em Santa Maria. Em 1920, quando construiu a estrada Santa Cruz – Vera Cruz (hoje ERS-409), o intendente Gaspar Bartholomay os convidou para atuar em Santa Cruz.
O velho caminho que ligava a cidade com a então Villa Thereza (Vera Cruz) alagava com qualquer chuva e interrompia a passagem. A intendência decidiu construir uma nova estrada, acima do nível das enchentes. Além do aterro, que anos depois recebeu asfalto, foram feitas diversas pontes de pedra, projetos dos dois amigos.
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A qualidade do trabalho de Gil e Garcia foi destacado no artigo de Beck da Silva. Ressaltou que as pontes em 1920 foram projetadas para suportar até 12 mil quilos. Mas em 1965 já estavam passando veículos com 20 mil quilos e elas continuavam intactas. Certamente, após 1965 ainda foram usadas por muito tempo e suportaram pesos bem maiores.
Também lembrou que nem as maiores enchentes do Rio Pardinho conseguiram abalar a estrutura das travessias. Elas foram construídas com uma técnica secular de encaixe de pedras, que envolvia conhecimentos de física e matemática.
Beck da Silva contou que a estrada, depois de pronta, ficou com um ponto de alagamento. A solução seria a construção de uma ponte seca, mas o município não dispunha de mais dinheiro. Gil então garantiu que a obra poderia ser feita apenas com aquilo que a Intendência dispunha: mão de obra e pedras. A ponte foi erguida sem o uso de um quilo de cimento, apenas com o encaixe das pedras.
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Com o alargamento da estrada para Vera Cruz, executada há alguns anos, as antigas travessias foram removidas. Mas no interior de Santa Cruz ainda há pontes de pedras intactas.