A obesidade infantil tem sido crescente no mundo inteiro. No Brasil não é diferente. Esse grave problema é muito mais consequência de hábitos de vida do que problemas hormonais, como muitos pensam. Nosso peso é influenciado por vários fatores: metabolismo, massa muscular, genética, idade, entre outros. Mas aqui gostaria de me ater a dois deles: gasto e ingesta.
É incrível como as palavras “atividade física” geram aversão a algumas pessoas. Porém, essa atividade pode fazer toda a diferença na manutenção ou recuperação da saúde. Tais palavras, que na vida adulta são associadas à “tortura” ou “passar trabalho”, na infância são brincadeiras que envolvem gasto de energia. Na primeira infância, as crianças adoram. Se estimuladas pelos pais, continuam gostando. Se não, passam a perder o interesse, podendo cair no sedentarismo.
Nossa sociedade passou por grandes mudanças na condução do cotidiano, pensado no conforto e menor gasto de energia. Quase tudo que costumávamos fazer com as mãos e pés pode ser substituído por aparelhos elétricos, desde caminhar até cortar pão. Parece que a tecnologia contribui para nos deixar parados. E está conseguindo. Por outro lado, temos a “pressão” para exercitar-nos. Que paradoxo.
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Talvez nosso desafio seja incorporar tecnologias para nossos filhos, como videogames, tablets, celulares e computadores, sem perder o gosto pelas brincadeiras que despendem movimentos do corpo. Esse estímulo para atividade física e sua manutenção é bastante influenciado pelo pais. Pais que levam seus filhos às praças, jogam bola, andam de bicicleta, passeiam a pé, sobem em árvores, fazem esportes, nadam ou dançam com seus filhos estão estimulando-os a terem uma vida mais ativa e consequentemente mais distante da obesidade infantil. Só que, para isso, os pais também devem ser ativos fisicamente. E infelizmente nem todos são ou têm disponibilidade para isso. Talvez porque seus próprios pais não tenham feito isso com eles. Mas como adultos podemos quebrar esse ciclo vicioso.
Em relação à alimentação, mais uma vez nos deparamos com a perversidade de mais fartura, mais calorias, porções maiores e exigências de um corpo “sarado”. Devido à falta de tempo (assim alegam), muitos pais fornecem aos seus filhos e também para si produtos industrializados, de alto valor calórico, baixo valor nutritivo e pouco variados. E muitas vezes isso começa nas primeiras horas de vida, privando a criança de aleitamento materno pelo uso de complementos industrializados. É bem mais cômodo e fácil para os pais. Assim como abrir um saco ou descongelar algo no micro-ondas é mais fácil que ir na feira e preparar os alimentos. Mas será que é melhor para as nossas crianças? Seria a obesidade infantil resultado das (más) escolhas dos pais em relação à rotina de seus filhos?
Na atividade física e alimentação, o papel dos pais se torna de suma importância. No esporte, seu filho se espelha no CR7. Na passarela, sua filha quer ser Gisele Bündchen. Mas no dia a dia, mesmo não querendo, nós somos os exemplos para eles.
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