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Desabafo

Escritora vítima de estupro descarta registrar BO por não confiar no ‘sistema’

A escritora Clara Averbuck, de 38 anos, que relatou nas redes sociais, nesta segunda-feira, 28, ter sido vítima de estupro e agressão física cometidos por um motorista do Uber, declarou no seu Instagram que o fato a deixou mais forte e que ninguém irá derrubá-la. “Sabe aquele ditado que ‘o que não me mata, me torna mais forte’? Estou mais forte, vou ficar mais e ninguém me derruba”, disse Clara.

A escritora também revelou no vídeo que muitas pessoas estão a pressionando para ir à delegacia fazer um boletim de ocorrência, mas descarta por não confiar no ‘sistema’. “Estão me pressionando para fazer denúncia, pra ir à delegacia; não me encham o saco, essa decisão é minha, eu não confio no sistema”, afirmou Clara. 

No relato, Clara Averbuck diz que não tem como provar o crime de violência sexual porque não tem provas. “BO não é um documento mágico do Harry Potter que vai te defender. Como é que eu vou provar? Eu não tenho sêmen em mim, eu não tenho nada em mim. Eu só tenho essa marca (no rosto) de quando ele me derrubou no chão”.

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No vídeo, Clara avisa para aqueles que estão duvidando que ela sofreu violência sexual que o estupro não é apenas um coito. ” Não se estupra apenas com o pênis, estupro não é só isso,vão ler a lei, vão estudar”, disse Averbuck.

Íntegra do relato

“Eu fiz um relato de uma agressão que eu sofri e isso viralizou de uma forma que eu não estava esperando. Como sempre vai ter gente duvidando da vítima, como sempre vai ter gente dizendo por que não foi à delegacia? Por que não fez BO? É que a pessoa fica super bem depois de ser agredida, tudo que ela quer é ir na Polícia. 

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A informação estava virando uma coisa sensacionalista de ‘a famosa foi estuprada’. Então eu resolvi tentar dar uma revertida e fiz um texto em primeira pessoa. 

E aí é claro que isso atraiu bolsominion, eles sempre estão na minha cola; pra mim não é novidade nenhuma e eu preciso falar disso. Eles realmente acreditam que castração química é uma solução. 

Primeiro que para acreditar nisso a pessoa tem que achar que estupro é só quando enfia um pênis em algum lugar.

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Eu tenho novidades queridos: não se estupra apenas com o pênis, estupro não é só isso, vão ler a lei, vão estudar. 

Segundo: duvidar da vítima não é nenhuma novidade.

Terceiro: estão me pressionando para fazer denúncia, para ir à delegacia. Não me encham o saco, essa decisão é minha, eu não confio no Sistema. 

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Já fui mil vezes à delegacia, já levei amiga, já levei desconhecida, já levei um monte de mulher, já vi o tratamento que é dado.

BO não é um documento mágico do Harry Potter que vai te defender Não significa que vai acontecer alguma coisa com o cara. Como é que eu vou provar? Violência sexual é o único crime que quem tem que provar é a vítima. 

Eu não tenho sêmen em mim, eu não tenho nada me mim. Eu só tenho essa marca de quando ele me derrubou no chão. Como é que eu vou provar alguma coisa? 

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Não tenho como! Não tenho como! e isso pode se voltar contra mim O cara sabe onde eu moro, não me deixou na frente da minha casa, senão teria câmera e seria muito mais fácil identificar; ele parou na rua ao lado da minha casa porque já estava mal intencionado. 

Então, antes de entrar nessa ação punitiva, parem e pensem um pouco sobre o sistema, sobre como ele funciona e como ele não funciona. 

Não adianta espancar estuprador, não adianta matar estuprador, não é assim, não é assim.

Os homens reproduzem a violência que eles conhecem, a masculinidade que eles conhecem. 

Estuprador não é monstro, estuprador pode ser o teu vizinho, o teu tio, inclusive a maioria dos estupros acontece dentro de casa. 

Então é isso! A decisão é minha! Eu agradeço as pessoas que estão mandando amor e apoio e aqueles que estão me xingando eu quero que vão cuidar das suas vidas. 

E assim: eu vou apenas em um programa de TV só, porque eu fui escolhida para falar de feminismo e dessa questão e eu não vou ficar fazendo sensacionalismo com violência da mulher. 

Então agradeço se pararem de me procurar. Não vou a Jornal, ao SBT, a Record, não vou, não quero, não tem sentido. 

Tudo o que eu tinha que dizer está dito no meu texto da Claudia Muito obrigada.

Só mais uma coisinha: sabe aquele ditado que o que não nos mata nos faz mais fortes? tô mais forte, vou ficar mais e ninguém me derruba. É isso.”

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