Coisas acontecem neste mês de férias. O amigão do peito, o Pêndulo do Relógio, recorda-me que dia 10 é o “Dia da Pizza”. Criado na Pauliceia, em 1985, pelo então secretário do Turismo.
Dia 11, carrilhões de todos os mosteiros beneditinos dobrarão em homenagem a S. Bento, que, no século V, consolidou a vida monástica no ocidente. Dona História, em sua cadeira de balanço – para frente e para trás – lembra-nos a importância dos mosteiros também como locais de preservação da cultura. O que dizer das milenares bibliotecas e dos monges copistas da Idade Média?! Nove de julho é feriadaço aqui em Sampa: em memória da Revolução Constitucionalista. O movimento armado contra a ditadura Vargas – São Paulo exigia “uma Constituição já” (isso não é coisa de agora, minha gente) – alcançou o seu intento dois anos depois. A Carta Magna de 1934 acatou a maioria das reivindicações paulistas; o voto feminino é um exemplo disso. Mas julho gelado, de tantos acontecimentos durante o governo de Rei Inverno, também celebra existências fecundas. Vidas que valem a pena recordar por todo o sempre. No compasso do amor e saudade.
D. Gilda Rauber é uma delas. Viúva de Paulo; de olhos azuis e alma grande. Outro valente que já mora alguns anos nos braços de Deus. Soube da partida de minha amiga e rezei por ela, pensando em Santa Cruz. Figura querida na cidade. Mestra dos quitutes e iguarias. Preparava um bolo sem farinha que era um acontecimento. Leitora de “O Pêndulo do Relógio”. Dizia para mim nos velhos tempos. Com um sorriso iluminado. “Ir. Teresa; o Pêndulo pode muito bem andar para frente e para trás… Recordar também vale a pena…”
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Estreei julho de 2017 na casa da infância, em Pinheiros; antigo bairro paulistano de tantas memórias. Coloridas e em preto e branco. A primeira vez que acordo na casa da Rua Costa Carvalho, sem mamãe. Ano passado estava em Salvador. Lembrança ardida de primeiro de julho de 2015, este ano… Ela disparou para Deus, de repente, e vive tão pertinho de nós. Sábado visitei o jazigo da família com Duílio, meu irmão. Depois que descemos do automóvel, percebi que carregava algo. Ao contemplar retratos de ancestrais, disse que faltava a foto de mamãe. Preferia que fosse jovem. Tato abriu a sacola de plástico e retirou o vaso de flor. Seguido de uma moldura dourada. O sorriso de mamãe venceu o silêncio da pequena capela. Uma tarde, em dezembro de 1976. Jovem. Linda. “Torna piccina mia” – vinda do celular do mano – na voz de Beniamino Gigli – orquestrava as emoções. Canção que meu avô, cujos restos mortais também estavam no mesmo local, cantava para a moça ruiva do retrato. Que chorava.
Afastei-me com o Pêndulo. Hoje, dia sete de julho, todo ele para frente e para trás; dobrando como um carrilhão de São Bento. Por D. Gilda; outra vez, e para sempre, a alemãzinha namorada de Paulo Rauber.
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