Uma criança de 2 anos que nasceu com quatro dedos na mão direita teve o indicador transformado em polegar em cirurgia feita no dia 21 de março, no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. O procedimento foi realizado pelo médico ortopedista e traumatologista, cirurgião da mão e microcirurgia reconstrutiva, Paulo Henrique Ruschel.
Chamada de policização, a intervenção consiste em levar o indicador para um novo local. Mas não é uma simples transferência. O dedo ficará com o visual e a funcionalidade de um polegar. Por meio de microcirurgia, houve alterações nas estruturas óssea, muscular e dos tendões. O indicador, por exemplo, tem quatro ossos e o polegar, três. Dos tendões, cinco tiveram de ser modificados. “Mudam-se várias estruturas para se manter a função de pinça. Sem ela, a mão perde 70% de sua função”, afirma o médico.
Na cirurgia, que durou três horas, a primeira etapa consistiu em manter a circulação e a inervação. Depois foi feita a pronação, que é deixar o novo polegar de frente para os demais dedos. Esse reposicionamento é importante para a mão conseguir segurar objetos, fazendo o movimento de pinça.
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O procedimento é realizado aos 2 anos porque as estruturas da mão estão maiores e o cérebro ainda não tem todos os registros do polegar, ficando receptivo à alteração. A mão ficará com quatro dedos, mas manterá grande parte das funções, o que permitirá diferentes atividades, como, por exemplo, escrever.
Concluída a cirurgia, a criança teve alta no dia seguinte. Agora terá de ficar com a mão imobilizada por quatro semanas e, depois, fazer fisioterapia durante três meses. Conforme o chefe do Serviço de Pediatria do Hospital Moinhos de Vento, intensivista pediátrico João Ronaldo Krauzer, esse não é um procedimento frequente na instituição porque a agenesia de polegar é uma patologia genética considerada rara.
Integraram a equipe os médicos Marcos Tanhauser (anestesista) e Cristian Stein Borges (cirurgião de mão, primeiro auxiliar). Ruschel tem pós-graduações em cirurgia da mão e microcirurgia no The Robert Jones Orthopaedic Hospital, em Oswestry, e em cirurgia da mão e nervos periféricos no The Royal National Orthopaedic Hospital Londres, também na Inglaterra. Em 22 anos de atividades, Ruschel já havia realizado seis procedimentos semelhantes.
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Antes da cirurgia, o menino não tinha o polegar