Uma das surpresas neste começo de ano sobre a recuperação da atividade econômica brasileira pode vir do mercado de trabalho. O Itaú acredita que o Brasil pode voltar a criar postos de emprego antes do que inicialmente se esperava. O banco prevê que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) com ajuste sazonal deve mostrar estabilidade em janeiro, revertendo uma tendência de meses de destruição de vagas.
“O que está me surpreendendo neste começo do ano? Estávamos esperando uma retomada muito lenta de criação de vagas no Caged, mas isso parece que pode começar a acontecer um pouco mais cedo”, disse nesta segunda-feira, 20, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita. A previsão do Itaú de estabilidade para a pesquisa do mercado de trabalho em janeiro era esperada somente para meados do ano.
Os dados oficiais do Caged devem ser divulgados nos próximos dias pelo Ministério do Trabalho e o levantamento do Projeções Broadcast indica que a pesquisa deve mostrar de criação de 10 mil postos até destruição de 60 mil. Mesquita ressalta que o Caged que estabiliza a taxa de desemprego é bem acima de zero, ou seja, um Caged zero é melhor que destruir emprego, mas insuficiente para estabilizar o desemprego.
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“Alguma melhora de perspectiva os empresários devem estar tendo para passar a contratar um pouco mais”, disse ele, destacando que ainda há dúvida sobre se esse número previsto do Caged será um ponto atípico ou uma tendência. O fato é que a admissão de novas pessoas no setor privado começou a ocorrer e este é o primeiro sinal de melhora do mercado de trabalho, ressalta o economista. O sinal seguinte, que é a criação positiva de emprego formal, está próximo, acredita o banco.
O cenário do Itaú é que em algum momento de 2017 a economia brasileira volte a ter criação positiva de emprego formal. A determinação de um momento mais preciso, porém, é difícil. A expectativa do banco era de que isso fosse ocorrer mais para a segunda metade do ano, mas crescem as chances da geração de emprego ocorrer na primeira metade do ano.
A taxa de desemprego, apesar da expectativa da retomada de criação de vagas, deve seguir elevada. O banco projeta que a taxa chegue a 13,2% no final deste ano. “O desemprego é o último a ser sensibilizado pela recessão e também o último a ser sensibilizado pela recuperação.”
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Já no caso da inflação, Mesquita afirma que as expectativas de médio para os índices de preços mostradas no Relatório de Mercado Focus, do Banco Central, só estão em 4,5% porque a meta de inflação do Banco Central está em 4,5%. “Se a meta fosse mais baixa, as previsões provavelmente estariam menores”, disse ele, defendendo que o País tem condições de reduzir a meta.
A avaliação do Itaú é que há no momento fundamentos favoráveis para o Brasil retomar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que incluem preços de commodities em alta, taxa de juros real começando a cair, estoques iniciando trajetória de queda e empresas reduzindo o endividamento. A previsão do banco é que o PIB cresça 1% este ano e se acelere para 4% em 2018, estimulado pelos cortes de juros do BC.
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