O ataque no Instituto Estadual de Educação Assis Chateaubriand, em Charqueadas, na tarde desta quarta-feira, 21, teve um herói improvável. O professor de educação física Juliano Rocha Mantovani, de 39 anos, foi quem conseguiu desarmar o autor do ataque e impedir que mais alunos ficassem feridos.
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O professor contou que estava nos primeiros períodos do turno da tarde quando levou a turma para o pátio, onde fica a quadra da escola. Ele foi buscar material em uma sala e, no caminho, passou pelo local onde ocorria o ataque. “Foi quando me deparei com a explosão do coquetel molotov e na hora até me assustei. Pensei que fosse um curto-circuito nos disjuntores da escola, mas ao mesmo tempo ouvi os gritos das crianças. Eu consegui visualizar o agressor desferindo os golpes com a machadinha.”
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Juliano saltou sobre o adolescente e conseguiu desarmá-lo. “Sou pai de duas crianças também e tenho certeza de que qualquer pai teria feito a mesma coisa. Então eu fui, literalmente, cego pra cima dele, e foi quando consegui pegar a machadinha da mão dele e a garrafa de gasolina que ele tinha na outra mão”, contou. “Eu fui na intenção de salvar eles, e nesta hora a gente não pensa na gente, pensa nos alunos, que são nossa responsabilidade dentro da escola. Fui pra cima para retirar a arma dele e impedir que ele fizesse um dano maior. Graças a Deus, tivemos apenas lesões, nenhuma morte.”
O professor se desequilibrou e caiu, e neste momento o suspeito conseguiu fugir. Quando ele chegou ao portão, o rapaz já havia escapado e os outros alunos avisaram que os estudantes atacados estavam sangrando. “Eu desisti de perseguir ele e voltei para ajudar as crianças, por isso que não consegui alcançar ele.”
Segundo Mantovani, o autor do ataque não disse nada e não expressava raiva. “Ele esboçava muito uma reação de assustado, ele não tinha aquele sentimento de fúria. Ele parecia estar muito assustado. Quando consegui tirar a machadinha dele, ele não esboçou nenhuma reação contra mim, decidiu automaticamente fugir.”
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Juliano ainda declarou que o adolescente, que é ex-aluno da escola, havia integrado uma de suas turmas e nunca teria apresentado nenhum comportamento alterado nem brigado com outros estudantes. O professor só reconheceu o jovem após o ocorrido, já que ele usava capuz no momento do ataque.