Com previsão de ser votado na próxima terça-feira, o pacote de medidas proposto pelo governo do Estado que altera o plano de carreira de diversas classes do funcionalismo segue causando polêmica. Dentre as principais categorias atingidas, os professores permanecem em greve há 25 dias e já começam a pensar na recuperação das aulas dos alunos, que irão ser finalizadas somente no ano que vem. “Estamos bolando um calendário de recuperação que seja adequado dentro da situação. Contudo, sabemos que essa paralisação interfere nas questões familiares dos alunos, que programaram férias com os pais, mas vão precisar participar das aulas”, informa a diretora da Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira, Janaína Venzon.
Mãe de dois alunos da Ernesto Alves – um do 4º e outro do 7º ano –, Reni Markus havia programado férias com a família. A greve, no entanto, a fez mudar de planos. “Iríamos para o Litoral, mas agora precisamos aguardar o que irá acontecer nos próximos dias. Há muito reclamação por parte dos pais, mas a greve dos professores é justa, precisamos entender isso”, ressalta a mãe. No educandário, cerca de 55% dos professores já retornaram às salas de aula; entretanto, uma boa parte segue em greve. “Se todos voltarem até o dia 18 de dezembro, nosso calendário de 2019, contando com aulas aos sábados, deve encerrar até o dia 18 de janeiro”, diz a diretora Janaína, citando casos de pais que organizaram viagens para o exterior com seus filhos e vão precisar desmarcar.
Conforme o coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, as escolas já foram instruídas a iniciar a organização do calendário de recuperação, podendo utilizar sábados e contraturnos. “Também será necessário verificar a disponibilidade do transporte”, acrescenta. A orientação para as formaturas de 3º ano, segundo o coordenador, é promovê-las somente quando fechar o ano letivo. “Precisamos deixar muito claro na recuperação que cada componente curricular terá que fechar sua carga horária.”
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Segurança e saúde
Mobilizada em apoio às manifestações contra o pacote do governo estadual, uma equipe da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS) fará nesta sexta-feira, 13, uma doação de sangue no Hospital Santa Cruz, em retribuição ao respaldo da comunidade. “Também iremos nos reunir na Praça Getúlio Vargas para colher assinaturas em favor da manifestação”, diz a servidora Karine Venatt Ely. A partir da próxima semana, os policiais civis devem entrar em greve, se o pacote apresentado pelo governador Eduardo Leite for votado na terça-feira.
A decisão foi tomada pela categoria na assembleia da última terça-feira, na frente do Palácio de Polícia. Segundo o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm/Sindicato), uma vez iniciada, a paralisação seguirá por tempo indeterminado. “Durante a greve, cerca de 30% do efetivo será mantido nas delegacias. Haverá redução drástica de todas as formas de investigação e de produção de inquéritos”, afirma o representante regional do Ugeirm/Sindicato, Orlando Brito de Campos Junior.
Mesmo prejudicados, alunos estão solidários com protesto
Prestes a se formar no 3º ano do Ensino Médio da Escola José Mânica, Fábio Rodrigo da Silva Junior, 18 anos, sente os efeitos do protesto dos professores no seu aprendizado. Ainda assim, não abre mão de apoiar a causa. “Querendo ou não, somos prejudicados pela greve – falta de conteúdo em sala de aula, férias e até a possível formatura. Mas não nos importamos, o fundamental é apoiar os professores com essa falta de respeito que estão fazendo com eles. Se precisar ficar até janeiro em greve, estamos com eles”, afirma.
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Segundo ele, os professores do 3º ano noturno adiantaram as aulas antes da greve. “Deve ter pouco conteúdo ainda por ser passado para podermos nos formar tranquilos”, diz Fábio, que é funcionário de uma concessionária de motocicletas e pretende cursar, no início de 2020, o vestibular para Direito na Faculdade Dom Alberto.
A diretora do Mânica, Daiane Lopes, explica que ainda não há previsão para o retorno das aulas. “Após a votação na Assembleia Legislativa, devemos nos reunir para definir o calendário escolar de recuperação”, comenta. Segundo a diretora do 18º Núcleo do Cpers, Cira Kaufmann, quando a paralisação terminar será elaborado um “acordo de greve” junto ao governo do Estado, que irá prever os pontos de recuperação dos dias parados. “Quem irá definir o calendário será cada comunidade escolar, que envolve os pais, alunos, professores e funcionários dos educandários. O que podemos garantir é a recuperação de 100% dos dias letivos perdidos”, diz Cira.
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