Em meio aos escombros da casa onde morava e sob um forte cheiro de queimado, o casal de aposentados Diomar e Terezinha Cardoso da Silveira, de 60 e 47 anos, procurava na tarde dessa quarta-feira pertences que não haviam sido consumidos pelo fogo, com a ajuda de amigos e familiares. Passadas 12 horas do incêndio que destruiu grande parte da residência na Rua Leonardo da Vinci, no Bairro Renascença, em Santa Cruz, os dois pareciam ainda não acreditar no que havia acontecido durante a madrugada de quarta. O local foi atingido por um sinistro que teve início por volta das 4 horas, quando estavam deitados no quarto. Não se sabe o que deu início ao fogo, que começou próximo a uma antiga churrasqueira. A lancheria da família, que funcionava junto à casa, por pouco não foi destruída também.
Quando o fogo começou, Diomar já estava acordado. Pouco antes, havia despertado com barulhos vindo do pátio. Ele chegou a pensar que havia alguém na casa. Pouco depois, aconteceu um estouro. O estrondo assustou os moradores, que levantaram e perceberam que parte da casa estava sendo consumida pelo incêndio. “Eu vim até a porta do quarto, rumo à cozinha, e vi as chamas perto da churrasqueira. Já veio a fumaça por cima de mim, e eu fiquei tonta. Só deu tempo de gritar pra ele e fugir”, conta Terezinha com os olhos cheios de lágrimas. Diomar ainda conseguiu pegar a cadelinha e a chave do carro, estacionado na garagem, para salvar o automóvel. Com a parte frontal da moradia tomada pelo fogo, o casal precisou fugir pela parte de trás.
“Em cinco minutos, estava tudo em chamas”, lamenta a mulher. Não deu nem tempo de se vestir. Diomar saiu sem camisa e a mulher, apenas com uma toalha cobrindo a roupa de dormir. “A gente saiu de qualquer jeito. Só queria se salvar”, relembra Diomar. “Ele queria entrar de novo na casa pra pegar pelo menos os documentos, mas eu não deixei”, complementa a esposa. O portão da garagem foi arrombado com a ajuda de vizinhos, para que pelo menos o carro não fosse destruído. Na confusão, Diomar ainda foi atingido pela grade e precisou levar cinco pontos na testa. A mão também ficou machucada.
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Terezinha, que inalou muita fumaça, recebeu oxigênio na Unidade de Pronto-Atendimento do Bairro Esmeralda. “Ficou tudo na casa. Roupas, documentos, cerca de R$ 5 mil que a gente tinha de reserva do bar”, lamenta Diomar. “A geladeira a gente ainda estava pagando. Faltam 20 prestações”, diz ela. Os bombeiros deslocaram três caminhões para combater o incêndio e trabalharam por duas horas. A lancheria do casal foi preservada, assim como as residências de vizinhos, por onde o fogo começava a se alastrar. “A gente começou o negócio no ano passado. Íamos até fazer uma festa de um ano, mas fomos interrompido por isso aí.”
Como ajudar
No momento, o casal está na residência da irmã de Diomar. Eles não sabem ainda o que vão fazer daqui para a frente. “A gente precisa descansar antes de tomar uma decisão,” disse ele. Quem quiser ajudar pode entrar em contato com a família pelos telefones 99912 7098 (Diomar), 99722 0946 (Terezinha) ou com Daiane pelo (51) 3717 3029.
CUIDADOS
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A residência de Diomar e Terezinha foi o vigésimo registro de incêndio atendido pelo Corpo de Bombeiros em Santa Cruz neste ano. O número, apesar de assustar, está dentro da média considerada normal pela corporação – e engloba também casos menos graves. Para não passar pela mesma situação que Diomar e Terezinha, o comandante da 1ª Companhia do Corpo de Bombeiros, capitão Joel Dittberner, dá algumas dicas.
- Eletricidade: a maioria dos incêndios acontece por problemas de sobrecarga. Segundo o capitão, é preciso fazer revisões. ”Quando o disjuntor começa a cair, é um sinal de que o sistema precisa de melhorias.”
- Cozinha: o capitão conta que muitos incêndios começam nesse cômodo. “O pessoal esquece coisas no fogo. O óleo, por exemplo, superaquece e dá início às chamas”, alerta.
- Velas: hoje menos comuns do que no passado, as velas ainda são apontadas como causadoras de sinistros. “Especialmente quando falta luz, as pessoas acendem e vão dormir. É preciso ter cuidado. Usar sempre em um pires ou um prato, em local sem entrada de ventilação para não cair.”
- Cigarros: quem é fumante deve se certificar de que não restaram chamas ao colocar a bituca no lixo.
- Vai viajar? Tire da tomada os equipamentos elétricos.