A dermatologista Jaquelini Barboza participa de um estudo clínico em psoríase, realizado no mundo todo, com a utilização de um novo medicamento experimental injetável. São nove centros no Brasil. O último a entrar na pesquisa foi o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, no qual a médica de Santa Cruz do Sul é a sub-investigadora. Ela foi convidada pelo investigador principal, André Vicente Esteves de Carvalho. A boa notícia é que há 30 vagas para pacientes que estejam dentro dos critérios. Os que forem aceitos, precisam ir uma vez por mês a Porto Alegre durante oito meses. Depois deste período, terão que ir a cada três meses durante dois anos. Os custos com transporte serão pagos e não haverá cobranças.
O foco é avaliar a segurança e eficácia do medicamento experimental em comparação com o metotrexato, que é utilizado nos tratamentos aprovados para psoríase em placas. Um comitê de ética revisou e aprovou o protocolo do estudo, o que fornece segurança ao planejamento. Os resultados serão importantes para que a indústria farmacêutica possa desenvolver medicamentos que poderão ser legalizados e disponibilizados ao público. Durante a pesquisa clínica, os pacientes podem apresentar eventos adversos, como infecções, dor de cabeça, tontura, diarreia, náuseas, coceira, dor na boca, garganta, costas, músculos e articulações, bem como reações no local da injeção.
Para evitar opiniões prévias sobre os medicamentos envolvidos no estudo, o paciente, o médico e o restante da equipe de estudo não saberão para qual grupo de tratamento cada participante foi designado nas 27 semanas iniciais. “Sugiro que os interessados liguem o quanto antes para participar. São 30 vagas e haverá uma corrida, principalmente por quem mora em Porto Alegre e Região Metropolitana. Acredito muito que a pesquisa irá ajudar as pessoas, com uma melhora significativa nas placas na pele ocasionadas pela psoríase”, diz Jaquelini Barboza.
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SAIBA MAIS
Como funciona a pesquisa?
São dois grupos de pacientes, ambos usando duas medicações: metotrexato e rizanquizumabe. Em cada grupo, uma das medicações será placebo (substância sem propriedades farmacológicas). Após um periodo de seis meses, todos os pacientes passam a usar rizanquizumabe até completar a pesquisa em dois anos e meio. Pela lei brasileira, se o paciente responder à medicação, seguirá a recebendo gratuitamente até que entre na lista do SUS.
O que acontece no estudo?
Os candidatos passam por uma triagem. Os aprovados são designados de forma aleatória para um dos dois grupos. No Grupo A, o paciente recebe injeções do medicamento experimental nas semanas 0, 4 e 16 e recebe placebo em cápsulas da semana 0 à 27. No Grupo B, o paciente recebe cápsulas de metotrexato da semana 0 à 27 e injeções de placebo administradas nas semanas 0, 4 e 16. Na semana 28, ambos começam a receber injeções do medicamento experimental a cada 12 semanas até a semana 112 (aproximadamente dois anos e meio).
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Como fazer para se candidatar?
As pessoas que se considerarem elegíveis ao tratamento, devem entrar em contato pelo telefone (51) 3314 3296 e falar com a coordenadora do Centro de Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento, Juliana Zeni. O candidato deve ter mais de 18 anos, ter psoríase em placas com diagnóstico há mais de seis meses e que seja de moderada a grave, ou seja, com mais de 10% do corpo afetado pelas placas. Os pacientes que já utilizaram ou utilizam metotrexato e que tenham outras formas de psoríase, como a pustulosa, não poderão fazer parte do estudo.
O que é psoríase?
A psoríase é uma doença de pele bastante comum, que se caracteriza por lesões avermelhadas e descamativas, normalmente em placas. Essas placas aparecem com maior frequência no couro cabeludo, cotovelos e joelhos. Mas pés, mãos, unhas e a região genital também podem ser afetados. A extensão da psoríase varia de pequenas lesões localizadas até o comprometimento de toda a pele. Se a doença acomete grande área corporal, ou causa grande sofrimento ao paciente, o tratamento deve ser feito com comprimidos ou fototerapia. Em caso de ineficácia destes medicamentos, é indicado o uso de biológicos, que são novos e muito eficazes e seguros. O maior empecilho é que são muito caros.
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