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Negócios

Comércio é onde mais abrem e fecham empresas em Santa Cruz

De janeiro a dezembro de 2018 em Santa Cruz do Sul, 412 estabelecimentos comerciais abriram as portas. Lojas de roupas, assessórios para telefonia, venda de eletrodomésticos e até de doces importados. Porém, no mesmo período, 443 empresas do mesmo segmento foram encerradas por seus proprietários. Por algum motivo, entenderam que não era possível seguir em frente. Os números fazem parte de um relatório obtido pela Gazeta do Sul junto à base de dados da Receita Federal de Santa Cruz.

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Vale do Rio Pardo (Sindilojas), Mauro Spode, o dado do fisco reflete uma realidade no setor. De acordo com ele, existe até uma estatística para novos negócios. “Empresas de até dois anos de existência têm grande risco de serem fechadas, e isso diz respeito a problemas com o planejamento do empreendimento”, afirma.

TOTAL: 2.038 é o número de empresas abertas em Santa Cruz durante o ano passado. Outras 1.568 deixaram de existir no mesmo período.

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Spode acrescenta que, no ano passado, outros fatores contribuíram para o insucesso de tantas lojas no município. “A questão política, que era uma grande incerteza antes de outubro, e o próprio crescimento econômico, que não reagiu, ajudaram a inviabilizar muitos negócios.” Conforme o presidente do Sindilojas, na região de atuação da entidade (Santa Cruz, Venâncio Aires, Mato Leitão, Sinimbu, Gramado Xavier, Herveiras, Vale do Sol e Vera Cruz) existem cerca de 3,5 mil lojas. A maior parte, 70% – ou pouco mais de 2,4 mil –, fica em Santa Cruz do Sul.

Para a economista da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Cíntia Agostini, o planejamento é decisivo para a abertura de um negócio, independente do setor em que se opta para investir. “Grande parte dos empreendedores também acaba se aventurando no comércio, por acreditar que é um ramo de atuação mais fácil. Quando abrem suas empresas sem a devida preparação, acabam desistindo pouco tempo depois”, observa.

LABORATÓRIO PARA APRENDER

O empresário santa-cruzense Jaqson Patric da Silva está contabilizado no lado bom da estatística da Receita Federal. Em outubro do ano passado ele inaugurou a loja Casa da Bruxa, franquia paranaense especializada na venda de doces e produtos importados. A loja é uma das 412 que abriram as portas em Santa Cruz no ano passado.

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Silva tem uma agência de publicidade e conta que decidiu pelo novo investimento também para conhecer mais sobre o segmento de comércio. “É como se fosse um laboratório para aprender sobre varejo. Com a loja, conseguimos nos aproximar da realidade de alguns clientes e isso é ótimo.”

Ele conta que precisou elaborar um grande planejamento para inaugurar a empresa. Somente para a escolha do ponto, na Rua Júlio de Castilhos, foram quatro meses na busca do imóvel ideal para o negócio. “O segmento de varejo em Santa Cruz precisa evoluir muito. É necessário entender os hábitos de consumo do público para dar início a uma atividade”, ensina o empresário.

Além de entender como os clientes adquirem seus produtos – o que os leva para dentro da loja –, Silva explica que várias situações são difíceis ao investidor. “No nosso caso, estamos aprendendo muito sobre logística, pois trabalhar com produtos importados é bem complicado.”

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OUTROS SEGMENTOS*

– Serviços especializados para construção civil – 232
– Alimentação – 110
– Comércio e reparação de veículos – 95
– Escritório e serviços de administração – 94
– Educação – 87
– Atividades de atenção à saúde humana – 67

*Os cinco ramos que mais abriram empresas em Santa Cruz do Sul em 2018, além do comércio. Fonte: Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), Receita Federal.

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A economia tem a sua parcela de culpa

Esperado como o ano da virada, 2018 acabou ficando aquém do que o mundo dos negócios planejava. Com crescimento na faixa de 1,1%, o desempenho da economia brasileira contribuiu para a redução dos investimentos, o que levou à morte muitas empresas de pequeno, médio e até grande porte.

Os números da Receita Federal comprovam. Na comparação com 2017, a taxa de fechamento de empresas em Santa Cruz era de 45%, contra 76,9% no ano passado. Ao todo, em 2017 houve a abertura de 1.793 empreendimentos, contra 811 fechamentos. Já em 2018, 2.038 negócios foram abertos e 1.568, encerrados.

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“O fato de mais empresas terem iniciado em Santa Cruz no ano passado mostra que existia um clima de otimismo, mas que não durou muito tempo e nem se confirmou”, explica a economista Cíntia Agostini, da Univates. Conforme ela, 2018 ainda sofreu o reflexo dos índices negativos de 2015 e 2016, quando a crise econômica se instalou no País. “A política sempre reage mais rápido a uma crise. A economia tem um tempo mais lento, pois ela passa pela decisão do consumo e de investimento.”

Nos 69 municípios de abrangência da Delegacia Regional da Receita Federal, a situação também se repete. Em 2017 foram iniciados 11.418 novos empreendimentos, contra 6.005 empresas que fecharam as portas naquele ano. Em 2018 houve a abertura de 12.319 e fechamento de 10.177 empresas. Os dados fazem parte da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), gerenciada pela Receita Federal.

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