Enquanto parte dos trabalhadores irá cruzar os braços hoje, no fim do expediente, e bater novamente o cartão só na quarta-feira de cinzas, uma multidão trabalhará no período de Carnaval. A escola de samba “Unidos do Trabalho” não para nesta época, especialmente nas “alas” da indústria que não podem atravessar o samba da produção. Legalmente o Carnaval não é feriado, nem nacional, nem estadual.
As industriárias Tamara Escobar, de 20 anos, e Daniela Campos, de 30, estão na “comissão de frente” da produção da Xalingo, em Santa Cruz. Daniela é da “velha guarda”: já será o terceiro Carnaval na empresa. Tamara estreia este ano na folia. Ambas, satisfeitas com o enredo de trabalhar no Carnaval. “É até melhor, eu não gosto muito do Carnaval. Melhor é estar empregada”, garante Tamara, há dez meses na Xalingo.
Conforme o gerente de RH da indústria, Luciano Bredow, neste ano nenhum dos trabalhadores foi dispensado na segunda ou na terça-feira. “É uma época na qual nós estamos nos preparando para a safra, então sempre tem trabalho. Neste Carnaval, não dispensamos ninguém.” A Mor também fará expediente normal nos dias de folia. A empresa manterá a todo o vapor as linhas de produção durante a próxima semana.
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A indústria do tabaco, da mesma forma, segue com atividades normais. Souza Cruz, JTI e Universal Leaf manterão seus horários normais de funcionamento, na segunda e na terça-feria. Na Philip Morris haverá uma troca. Segundo a empresa, na segunda-feira não haverá expediente. Na terça e na quarta-feira, todo mundo volta ao serviço.
Fiergs defende produção normal na indústria
Conforme o vice-presidente regional da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Flávio Haas, é quase um “insulto” falar em folga de Carnaval na indústria. No setor, que se recupera da queda na atividade provocada pela crise econômica, o movimento é intenso. “O Carnaval é ponto facultativo para o serviço público, mas vários outros segmentos seguirão trabalhando normalmente durante a próxima semana”, justifica.
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Conforme o vice-presidente, paralisar uma operação industrial durante tantos dias impacta no faturamento da empresa e na capacidade produtiva. “É muito difícil paralisarmos tantos dias assim. Na indústria é tempo normal, e de muito trabalho.”
Ponto facultativo, o que é isso?
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O ponto facultativo é uma data “livre”, na qual as empresas decidem se desejam parar ou não. Para que o Carnaval fosse feriado em Santa Cruz do Sul, por exemplo, deveria existir uma lei municipal determinando isso. Pela legislação nacional, o trabalho na segunda e na terça-feira da próxima semana deve ser normal.
O ponto facultativo é utilizado por setores como o comércio, que aproveita o Carnaval para liquidar o acumulado em bancos de horas extras. Conforme o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marcio Martins, os lojistas ficaram “livres” para decidir se abrem ou fecham seus estabelecimentos. “Acreditamos que o número de lojas fechadas será bem maior este ano, em razão desta necessidade de zerar horas extras.”
Já na Prefeitura de Santa Cruz do Sul o ponto facultativo divide os servidores. Nas repartições públicas municipais não haverá expediente, ficando o atendimento restrito aos serviços essenciais. O decreto foi assinado pelo prefeito Telmo Kirst (PP) e segue o modelo de anos anteriores.
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