É com muita alegria e boas histórias que o seu Simão Sklar, de 94 anos, conta a trajetória da vida dele, grande parte vivida em Cachoeira do Sul, onde se formou em Direito no último sábado, 12. O recém-formado resume os sete anos em que estudou na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), como um período “maravilhoso”. Para ele, a formatura representa a força da educação.

Mas o caminho até receber o diploma, das mãos do filho e também advogado José Luiz Sklar, não foi fácil. Quase 70 anos depois de parar de estudar, seu Sklar se viu sem chão com a morte da esposa, em 2011. Durante 90 dias, se entregou à dor que sentia pela perda da amada. Entretanto, com um estalo, decidiu que não poderia deixar de viver. “No fim de 2011, eu tinha oito netos e quatro bisnetos. Então eu pensei: ‘Não posso me acovardar. O que meus netos vão dizer de mim? Tenho que reagir’”, conta em entrevista à Rádio Gazeta.

Foto: Jornal do Povo

 

É com o mesmo entusiasmo de hoje que ele foi, com 87 anos, até a universidade, acompanhado do neto, para se informar sobre os documentos necessários para prestar o vestibular. Em um dia, conseguiu os papeis e no dia seguinte já fazia a prova, composta por redação e 20 questões. Dois dias depois, recebeu o resultado: ficou em terceiro lugar no vestibular para Direito. A redação, ele conta entre risos, foi com nota máxima. “O tema era a Cachoeira antiga. Imagina só, eu deitei e rolei. Tinha 70 anos de experiência em Cachoeira pra contar”, brincou.

Mas quem acha que agora ele vai descansar, está enganado! Passada a formatura e com uma fama enorme, o seu Sklar já está matriculado na pós-graduação. “Vou me dedicar a contratos, se tu parar pra pensar, passamos a vida toda fazendo contratos.” Depois, ele pretende passar um ano na Alemanha ou no Canadá, fazendo uma especialização.

E a educação, que ele leva como lema de vida, também é o recado que deixa: “Aconselho toda pessoa a estudar, não importa a idade. Procurem estudar. Estou me sentindo remoçado. Eu não demorei sete anos pra me formar, eu ganhei sete anos. Que todos que queiram, estudem. É a melhor coisa do mundo”, finaliza.

Ouça a entrevista na íntegra: