Era início da noite de sábado, 12 de agosto de 2017. Lino Munaro se preparava para sentar à mesa com a família para comemorar o aniversário de 69 anos quando o telefone tocou. No outro lado da linha um colega de empresa informava, esbaforido, que o pavilhão de 33,2 mil metros quadrados da Kopp Construções localizado às margens da BR-471, no Distrito Industrial de Santa Cruz do Sul, era engolido pelo que viria a ser o maior incêndio já registrado na cidade. Os bombeiros levaram quatro dias para dar a ocorrência como encerrada.
LEIA MAIS
- Incêndio atinge depósito de fumageira na BR-471
- Incêndio em depósito no Distrito Industrial já dura mais de 36 horas
- Os bastidores do maior incêndio que Santa Cruz do Sul já viu
Publicidade
Começava também naquela noite chuvosa de sábado um dos maiores desafios da vida profissional de Munaro, atual diretor superintendente da Kopp. Em 2002 ele havia liderado a construção do pavilhão alugado para a Universal Leaf Tabacos estocar parte de sua produção. “Quando fui informado fiquei assustado, preocupado com a vida das pessoas. Felizmente ninguém teve um arranhão sequer. O jeito era manter a calma, colaborar com o que era possível naquele momento e encarar a reconstrução. Tudo tem solução”, relembra o diretor.
Curador das empresas do grupo Kopp, o advogado Marco Iser diz que o maior incêndio da história de Santa Cruz ficou marcado também como o maior desafio da empresa. “Literalmente ressurgimos das cinzas. Por mais que o prédio tivesse seguro e felizmente não tenha havido feridos, um incidente daquelas proporções sempre vira um problema. Estávamos muito envolvidos na construção do Residencial Ártemis, no Bairro Arroio Grande, e tivemos que fazer uma reorganização interna para dar conta de duas grandes obras ao mesmo tempo em um cenário adverso”, conta o advogado. A empresa informa que toca seus projetos com recursos próprios.
A força-tarefa acabou virando um marco na Kopp Construções, cujo objetivo é crescer tanto quanto a coirmã Kopp Tecnologia. Passado um ano do incêndio, os novos pavilhões construídos no mesmo lugar – porém com tecnologia de ponta, certificada por grandes seguradoras do exterior – já recebem a cobertura e devem ficar prontos antes do previsto. São dois módulos independentes, cada um com 11,1 mil metros quadrados, reforçando a segurança contra incêndio. No futuro, um terceiro de igual tamanho poderá ser construído. Já o residencial no Bairro Arroio Grande está com a primeira torre de seis andares pronta e a entrega das chaves para os compradores ocorre em evento marcado para o próximo dia 21.
Publicidade
Para o responsável pelo grupo Kopp, o momento é de estímulo para um futuro promissor. “Temos nos dedicado para seguir o perfil empreendedor e os ideais do fundador Eliseu Kopp, que no momento está afastado por motivo de saúde”, diz o advogado. “Estamos muito focados no ramo da construção. E a forma como encaramos e resolvemos a questão do incêndio, sem comprometer o prazo de nossos outros projetos, nos habilita para desafios ainda maiores”, frisa, destacando a força do trabalho em equipe. Marco Iser anuncia que, concluídos os pavilhões do Distrito Industrial e a segunda torre do Ártemis, a Kopp Construções dará início a um novo prédio em Santa Cruz. “Vamos crescer com a cidade e a cidade vai crescer conosco.”
Publicidade
O QUE CAUSOU O INCÊNDIO?
Chovia forte naquela noite de 12 de agosto. Pouco depois das 19 horas o vigilante do prédio abarrotado de tabaco percebeu um estrondo, seguido de fogo. Logo acionou os bombeiros, dando início a um trabalho que levou quatro dias e mobilizou equipes de toda a região. Na semana seguinte à conclusão do combate ao incêndio teve início o trabalho de perícia a pedido da polícia e das seguradoras. Os laudos indicaram que um raio teria causado o sinistro. No fim daquele mês teve início a remoção dos escombros e preparação do terreno para a reconstrução dos pavilhões, que seguem padrões de segurança contra incêndio, como módulos compartimentados, sistema de hidrantes e sprinklers.
Publicidade