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Santa Cruz do Sul

Curso de extensão na Unisc vira polêmica na cidade; entenda

ATUALIZADA ÀS 19h14

Um curso de extensão que será realizado na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e promete discutir o que os organizadores chamam de “golpe de 2016” e o futuro da democracia no Brasil é o assunto da cidade nesta quinta-feira, 12. O tema divide opiniões a ponto de a Associação Comercial e Industrial (ACI) ter mandado um ofício à reitoria da universidade criticando a decisão. A Unisc confirma o curso, mas diz que ele “não reflete a posição da reitoria ou da universidade”.

Divulgado nessa quarta-feira, o cartaz do curso de extensão prevê dez encontros, todos nas dependências da universidade – mais precisamente no auditório do Memorial. A inscrição custa R$ 20,00 para todo o curso ou R$ 10,00 por aula. A primeira está marcada para o próximo dia 24 e, a última, para 5 de julho. Entre os professores estão Benedito Tadeu Cesar e Marcelo da Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), e nomes conhecidos da Unisc, como João Pedro Schmidt, Edson Botelho, Carlos Ayres e Josiane Abrunhosa. A maioria dos cursos de humanas assinam a realização do curso de extensão.

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Entre os temas das aulas estão “conspirações políticas e golpes em democracias não consolidadas”, “a gestação política da nova direita no Brasil”, “a caracterização do golpe sob o prisma jurídico”, “redes sociais, plataformas digitais e o golpe de 2016”, “o Judiciário e seu papel no golpe de 2016” e “o empresariado e o golpe”. O currículo é semelhante ao de outros cursos sob o mesmo viés oferecidos recentemente em outras universidades do País, principalmente as públicas.

A Universidade realizou uma transmissão ao vivo para esclarecer alguns pontos sobre o curso:

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SEIS PERGUNTAS PARA ENTENDER A POLÊMICA

Quem está organizando o curso?
De acordo com o professor de Direito Constitucional da Unisc, Edison Botelho, que também dará aula no curso de extensão, a iniciativa partiu de professores da instituição, inspirados em cursos semelhantes que têm acontecido pelo Brasil para analisar todo o contexto do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Quem está bancando o curso?
Segundo Botelho, o curso será custeado a partir das inscrições (a taxa é de R$ 20,00 para quem optar pelo curso todo e de R$ 10,00 por aula para quem optar por módulos individuais) e não haverá apoio financeiro da Unisc. Por meio de nota, a Unisc diz que a taxa de inscrição é reduzida porque “os professores atuarão de forma voluntária nas palestras”.

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Por que o curso traz apenas um posicionamento sobre o assunto?
Conforme Botelho, todo o conteúdo que será apresentado é fruto de estudos acadêmicos. “Muitas pessoas vão olhar isso com um viés partidário, mas o objetivo não é representar nenhum partido, e sim apresentar estudos e dados sobre o tema”, afirmou. Ele sugere que quem defende que o impeachment não foi um golpe organize outro evento com seus próprios estudos embasando essa opinião. “Isso faz parte da democracia e tenho certeza que a Unisc daria o mesmo espaço. Não estamos ali para fazer um discurso retórico e absoluto, mas para trazer uma análise do que aconteceu sob diversos aspectos, com especialistas de diferentes áreas”, frisou.

Por que o curso está dando o que falar na cidade?
Como quase tudo nos dias de hoje, há o grupo dos que apoiam e o grupo dos que criticam esse tipo de iniciativa. No caso da Unisc, a polêmica começa já pelo cartaz no curso, que cita a universidade como realizadora do evento. Pesam também os fatos de a universidade ter perfil comunitário e, por isso, relações com os mais diversos setores da sociedade, e por ser mantida por uma entidade (a Apesc) que igualmente representa os mais diversos setores de Santa Cruz.

Por que a ACI se manifestou?
A Associação Comercial e Industrial (ACI) tem assento no conselho da Apesc e avalia que a Unisc não deveria se envolver a esse ponto nesse tipo de polêmica. Em carta enviada à reitoria, o presidente Lucas Rubinger defende que “o momento político vivido pelo País exige cautela e isenção”. Diz ainda que a entidade fica apreensiva com a forma como o curso é apresentado, “emitindo um pré-julgamento de fato ocorrido na história do País”. A ACI diz ainda que “o saudável debate político deve ser um exercício de tolerância e respeito às opiniões”.

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O que diz a Unisc sobre a polêmica?

Pouco antes das 18 horas desta quinta-feira, a reitoria da Unisc soltou nota sobre o assunto. A universidade diz, entre outros, que cursos como este estão sendo oferecidos por universidades há quase dois anos; que cursos de extensão são livres e não curriculares ou obrigatórios, ou seja, faz quem tem interesse; o curso foi proposto por um departamento e um programa de pós-graduação; e que “o tema não reflete a posição da reitoria ou da universidade, pois esta é atual, aberta ao diálogo, à diversidade e permite o livre trânsito de pensamentos divergentes”. A Unisc encerra a nota dizendo que “não há e nem haverá um único episódio de cerceamento à liberdade de expressão, seja ela de que matriz ideológica for”.

Confira abaixo as notas divulgadas pela ACI e pela Unisc:

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