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Tecnologia local

Aplicativos feitos em Santa Cruz que transformam vidas

Aos 26 anos, o engenheiro da computação Victor Biasibetti incorpora os conceitos tecnologia e empreendedorismo na rotina diária de trabalho. Ao lado dos sócios Daniel Heck, 42, e Eduardo Weiland, 24, ele está à frente da Expin Automação, empresa incubada na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) que tem como objetivo levar praticidade, controle e segurança aos usuários. O trio santa-cruzense atende ao que estudiosos consideram “lei” para a elaboração de aplicativos: agilidade e resolução de problemas. Assim como eles, muita gente daqui está “mandando ver” quando o assunto é facilitar (e transformar) a rotina das pessoas. E tudo isso exige apenas alguns touches.

A história desses três jovens que hoje trabalham para desenvolver suas habilidades na criação de aplicativos começou ainda em 2015.  À época, participaram da primeira edição do Startup Weekend, na Unisc, evento competitivo no qual a tarefa era elaborar algum projeto inovador que envolvesse, claro, tecnologia. “De forma muito resumida, pensamos em um projeto de automação residencial que facilitasse a rotina das pessoas quando não estivessem em casa.” 

Bola dentro! O time do qual o engenheiro recém-formado fez parte conquistou o primeiro lugar no concurso e, junto com “o topo do pódio”, recebeu uma pré-incubação de seis meses na universidade. Foi tempo de arregaçar as mangas, colocar as habilidades de programação para funcionar e desenvolver o produto que hoje é o carro-chefe da Expin: um aplicativo que controla o alarme residencial de qualquer lugar. “Inspirado pela Internet das Coisas (dispositivos que possuem a habilidade de se comunicarem entre si através de uma rede), o app surgiu para ser prático. Ao invés de criar um novo sistema de alarme, que geralmente é caro, desenvolvemos um dispositivo que já se integra ao alarme existente”, explica. 

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O aplicativo também pode monitorar as lâmpadas e portão eletrônico. “Apesar de ainda estar em caráter experimental, já temos clientes expressivos, como uma indústria localizada em Venâncio Aires.” O próximo passo, segundo o empreendedor, é fazer com que o aplicativo controle até o ar-condicionado. Já pensou acionar o app ainda no trabalho e chegar em casa com a sala geladinha? Biasibetti, Heck e Weiland vão cuidar disso para você.

Por dentro dos apps

O que faz um aplicativo ser sucesso 
Segundo o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Paulo Pinheiro, há três características que fazem os aplicativos serem um sucesso.

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1. Resolver um problema: exemplo clássico são as filas bancárias. Ninguém gosta de ficar horas preso em um banco aguardando a sua vez de ser atendido. Os aplicativos de mobile banking resolveram essa questão. 

2. Fornecer uma experiência melhor do que “o mundo real”: aplicativos de serviço delivery como o Ifood são  amostras de apps que proporcionam uma experiência mais eficiente do que os pedidos convencionais. “Posso ligar para seis ou sete pizzarias para descobrir os preços e fazer a minha escolha, ou posso usar um aplicativo e ter acesso a isso tudo em um toque.” Quando a experiência é mais rápida e prática, há fortes indícios de que o aplicativo será um sucesso. 

3. Ser essencial: WhatsApp está aí para provar que não dá mais para viver sem ele.

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Eles mudaram a sociedade

Não é exagero dizer que os aplicativos mudaram a maneira como a sociedade se comporta. O estudioso Paulo Pinheiro observa, por exemplo, que o WhatsApp transformou a maneira como as pessoas se comunicam. Já o Waze mudou a maneira como os motoristas se movimentam no trânsito. “Ninguém antes precisava tirar uma foto do seu almoço antes do surgimento do Instagram. Os aplicativos mudaram a sociedade.” 

O que esperar

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Prepare-se para acessar aplicativos mais inteligentes e capazes de antecipar o desejo das pessoas. É nisso que os programadores deverão apostar para um futuro próximo. Pinheiro analisa que os apps serão capazes de entender que tipo de conteúdo é mais interessante para o usuário. “Será preciso evoluir em termos de inteligência artificial. Ou seja, não é mais interessante para o usuário configurar o aplicativo.” Experiência desse futuro – bem próximo – é o Google Now, assistente pessoal disponível para o sistema operacional Android, capaz de organizar a rotina dos usuários e aumentar sua produtividade, com informações como previsão do tempo, trânsito e notícias. 

Não tenha medo
Muitos ainda têm certo temor de comprar ou fazer transações pelos aplicativos. Segundo Paulo Pinheiro, não é uma questão de o app ser confiável, mas sim o estabelecimento representado nele. “Durante muito tempo, o Google deixou a publicação de apps sem muito controle. Assim, muitos apps suspeitos estavam disponíveis. Somente há pouco tempo, o Google criou o Google Protect para verificar a existência de ameaças em aplicativos.”


Tusset e Mann: presença em 20 países e preocuparação com descarte de resíduos.
Foto: Lula Helfer.

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Solução ambiental com os sócios da Tekann

Envolvidos com o desenvolvimento de soluções corporativas para aparelhos móveis há 14 anos, os sócios Fábio Ronaldo Tusset e Alison Mann acompanham o avanço dos aplicativos desde os tempos do “falecido” palmtop (aquele equipamento utilizado com uma espécie de canetinha). À frente da Tekann Mobile Solutions e do Meu Resíduo, trabalham hoje com apps presentes em mais de 20 países e apresentam “know how” que já passou pelo coração da tecnologia mundial: o Vale do Silício, na Califórnia.  É o empreendedorismo daqui que se destaca lá fora. “Sempre tivemos a intenção de ser referência com equipamentos conectados à internet. Entendemos que a tecnologia precisa não só facilitar, mas resolver um problema. São oportunidades que surgem todos os dias”, reflete Mann. 

A Tekann, que recentemente lançou junto à indústria fumageira um aplicativo que ajuda produtores rurais a gerenciar as tarefas da lavoura, também aposta na questão ambiental. Em parceria com dois acadêmicos da universidade, elabora o projeto Descartando. Trata-se de um aplicativo sem fins lucrativos que vai mapear pontos de coleta para facilitar o descarte correto.

Na prática, ele mostra aos usuários onde deixar pilhas, remédios, vidros, plásticos e outros tipos de materiais que impactam o meio ambiente. Mas não é só isso. A ideia é incentivar a população a colaborar junto com o app. “Vamos trabalhar com o conceito de gamificação, que vai gerar pontos para aquelas pessoas que descartam de forma correta e ainda mapeiam novos pontos de coleta”, esclarece Tusset. 

Por estarem inseridos dentro da estrutura da universidade – a Tekann fica no TecnoUnisc (bloco 19) –, contam com o auxílio de jovens cabeças pensantes, como os acadêmicos de Engenharia Ambiental Aline Leitos, 26, e Ciência da Computação, Gabriel Côrrea, orientados pela professora Andreia Konzen. 

O novo “filho” da Tekann deverá ser lançado ainda em 2018. Tão logo esteja nas plataformas Play e Apple store, já poderá ser baixado pelos santa-cruzenses de forma gratuita. “Queremos deixar esse legado para a sociedade”, finaliza Mann.

Cidade melhor pelo smartphone

Ele pode – por enquanto – não ser um aplicativo, mas desde a sua concepção foi concebido para smartphones. Batizado de Santa Help, o protótipo desenvolvido pelos técnicos em informática Pedro Henrique Staub, 18, Eduardo Luedtke, 20, e Gerson Kist, 25, formados pelo Senac, vai ajudar os santa-cruzenses a encaminhar demandas para a Prefeitura. 

Sabe aquele buraco da rua ou a lâmpada da praça queimada? Todos esses pedidos poderão ser enviados ao portal através do sistema “denuncie”, mecanismo que vai direcionar as queixas para a secretaria correspondente. “A ideia de criar o Santa Help veio com a necessidade de se pensar em alguma iniciativa para a feira de ciências do Senac. Aliamos isso com a vontade de fazer algo para melhorar a cidade onde moramos”, conta Staub. Orientados pelo professor Luiz Henrique Rauber Rodrigues, ele e os colegas logo projetaram o portal para ser acessado de qualquer lugar. 

“Mesmo tendo que acessar o navegador pelo endereço santahelp.org, o usuário  vai se sentir confortável, pois o software foi elaborado para ser responsivo. Isto é, ele se adapta a qualquer dispositivo móvel”, esclarece Rodrigues. Segundo o secretário municipal de Comunicação, Régis de Oliveira Júnior, a intenção é colocar o portal para funcionar já em 2018.


Melissa, Rodrigues, Staub e Letícia desenvolveram software pelo Senac.
Foto: Rodrigo Assmann.

TI em Libras aposta em programação para surdos

Os alunos do Senac vêm mesmo dando exemplo quando o assunto é aliar tecnologia e impacto social. Uma iniciativa lançada em julho do ano passado fortalece a inclusão e, de quebra, traz um pouco de descontração para esse universo.  Trata-se do projeto TI em Libras, que elimina barreiras de aprendizado e facilita a rotina dos surdos interessados em estudar programação.

O endereço online – também adaptado para dispositivos móveis – apresenta a eles uma linguagem própria de informática. “Há muitos surdos hoje com limitações para fazer determinados cursos, justamente porque algumas palavras e expressões não existem em libras. O que nós fizemos? Criamos os nossos sinais”, explica a intérprete Cíntia Melissa Adam. Através de rápidos vídeos, a aluna do curso técnico em informática, Letícia Ribeiro Bauermann, 20, esclarece aos outros surdos como demonstrar termos e jargões usados nesse meio.

Placa-mãe, backup, memória RAM e software integram a lista de 50 palavras apresentadas de forma muito espontânea pela estudante. “Sentia muita dificuldade quando entrei aqui no curso, já que muitas vezes não entendia o que a intérprete traduzia. Foi aí que tivemos essa ideia. Por que não criar a nossa linguagem?”, diz Letícia. A iniciativa deu tão certo que o professor orientador, Luiz Henrique Rodrigues, não descarta transformar o TI em Libras em aplicativo. “Eu sou suspeito para falar, mas, para mim, tudo pode ser aliado à tecnologia.

O que procuro incentivar em sala de aula são esses projetos práticos, mas com grande potencial de ajudar a sociedade.” Também ajudaram a desenvolver o TI em libras Angelo Pinheiro dos Santos, 18, Willian Ellwanger, 29, e Tcharles Schultz, 20 anos.

Quer saber mais sobre todas os projetos citados nesta reportagem? Acesse: 
Expin: www.expin.com.br/gazeta
Tekann:  http://tekann.com.br/ 
TI em Libras:  http://tiemlibras.com/
Santa Help:  http://santahelp.org

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