A propriedade do agricultor Perci Frantz, que já é referência na produção de bananas orgânicas em Santa Cruz do Sul e região, novamente desperta a atenção de produtores, estudantes e pesquisadores. Há pouco menos de dois anos, o fruticultor começou a observar a evolução de seu bananal em uma área específica de um hectare, onde implantou 1,8 mil sacos de um esterco acumulado há 15 anos na unidade familiar, em Linha São Martinho. “Apliquei o esterco onde os solos eram mais pobres e fracos, mas em pouco tempo percebi uma drástica mudança. As bananas estavam melhores e mais bonitas”, conta. 

Intrigado com a evolução da lavoura, Frantz começou a pesquisar por conta própria as possíveis razões para suas colheitas estarem mais fartas e viçosas. Foi então que descobriu um bichinho muito pequeno, ainda pouco conhecido, mas com grandes poderes sobre os solos e plantas. Trata-se do piolho-de-cobra ou gongolo (Diplopoda), um triturador eficaz que se alimenta de matéria orgânica e tem mobilizado pesquisadores pelo País. Ao contrário da crença popular, o animal não é venenoso e vive em lugares úmidos, produzindo adubo de alta qualidade e favorecendo o desenvolvimento das plantas, nesse caso, das bananeiras.

Agricultor Perci Frantz planta bananas. Foto: Bruno Pedry.

Segundo estudo da Embrapa Agrobiologia, do Rio de Janeiro, o piolho-de-cobra é mais eficaz que as minhocas na reciclagem de material orgânico e na produção de húmus. A pesquisa aponta, ainda, que esses pequenos animais  reduzem em até 70% o volume de resíduos e geram adubo de ótima qualidade. 

Na propriedade de Perci Frantz, os resultados comprovam sua eficiência. “A produtividade aumentou entre 30% e 35%, com bananas maiores, mais vigorosas e mais doces”, comemora. Agora, sua ideia é introduzir o bicho em outras áreas da propriedade. Também estuda um sistema de irrigação, uma vez que os gongolos ficam mais ativos com a umidade.