Moradores de Linha Santa Cruz e arredores estão mobilizados em prol de melhorias no sinal da telefonia móvel. Organizado desde outubro pelo Conselho Comunitário Pró-Segurança e Pró-Telefonia Celular Móvel do Interior, um abaixo-assinado circulou pelo bairro e outras oito localidades e reuniu ao menos 700 assinaturas. A ideia é entregar o documento à Câmara de Vereadores.
Segundo o autor da iniciativa e presidente do conselho, Antério Voese, cerca de 20 mil pessoas que residem no bairro e arredores são prejudicadas pelas falhas no sinal da operadora Vivo. “Nós residimos a apenas 15 quilômetros do Centro. Trata-se de uma região que recebe cada vez mais moradores e comerciantes. Não é possível que não possamos ter acesso a um sinal de qualidade”. Voese observa que a soma de moradores com problemas com a telefonia móvel representa o número de habitantes de até três municípios pequenos. “Tenho muito contato com Herveiras, por exemplo, e lá não sentimos tanta dificuldade como aqui.”
O autor do abaixo-assinado também questiona a projeção de instalação de três antenas da Vivo em Santa Cruz, já que, segundo matéria publicada pela Gazeta do Sul na última sexta-feira, nenhuma delas contemplará o interior.
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Conforme Voese, após ser protocolado na Câmara, o abaixo-assinado deverá ser encaminhado pelos vereadores para a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. Conforme o secretário Jeferson Gerhardt, o documento passará por avaliaçãoe, assim que for aprovado, será enviado à Vivo.
Integram o Conselho Comunitário Pró-Segurança e Pró-Telefonia Celular Móvel do Interior moradores de Linha Santa Cruz, Pinheiral e das localidades de Linha Antão, Linha Andrade Neves, Alto Paredão, Seival Boa Vista e São Martinho.
Insatisfação entre moradores é geral
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Na casa da artesã Eliane Boris, 58, para receber ou fazer ligações, a rotina é a mesma. Quando não precisa “sair andando pela casa”, recorre à rua para obter melhor qualidade no telefonema.
“Alguns amigos cansam de dizer que meu celular está na caixa de mensagens. A questão é que eu deixo ele ligado o dia todo. Isso acontece porque não tem sinal”, reclama. Em razão da falha no sistema das antenas, Eliane lembra que precisou ser avisada por vizinhos sobre a retirada de exames. “A equipe do ESF estava há tempos querendo falar comigo, mas como estava incomunicável, preicou mandar recado”, lembra. Apesar dos transtornos, ela ainda não pensa em mudar de operadora. Isso porque, segundo o Conselho Comunitário Pró-Segurança e Pró-Telefonia Celular Móvel do Interior, cerca de 80% dos moradores ainda mantém a Vivo. “Minha preocupação é quando eu precisar resolver alguma emergência. Não podemos ficar dependentes de um sinal instável.”
Metz trocou de operadora. Foto: Lula Helfer.
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Empresário com loja na Avenida Orlando Oscar Baumhardt- mprincipal via de Linha Santa Cruz – , Berti Metz, 52 anos, diz que o problema é recorrente desde 2006. Segundo ele, após muita dor de cabeça com a falta de sinal no estabelecimento, a alternativa foi trocar de operadora. “Dentro da loja, o sinal era terrível. Nossos representantes chegavam aqui e precisavam ir para fora quando recebiam ligações.” Metz afirmou que ao longo desses 11 anos, inúmeras reclamações foram encaminhadas à Vivo, porém, sem retorno.
Operadora não garante ajustes
Após tomar conhecimento sobre o abaixo-assinado, a Vivo se limitou a afirmar, ainda na tarde desta segunda-feira, que segue as regras determinadas pela Anatel no que tange à abrangência para atendimento de municípios. Por meio de nota, informou que em Santa Cruz o critério determina o atendimento de pelo menos 80% da área urbana do distrito-sede municipal. A empresa também acresc entou que a ativação das trÊs novas antenas (nos bairros Avenida e Senai) vai permitir a ampliação da qualidade dos serviços de voz e dados no município. Não garantiu, entretanto, se essa ampliação será estendida a Linha Santa Cruz e arredores.
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A Gazeta conferiu o mapa de cobertura em localidades, disponível no endereço da vivo (www.vivo.com.br). Em Linha Santa Cruz, segundo a plataforma, a única tecnologia completa disponível é a 2G para ambientes externos.