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Contra Ponto

Reféns

Vivemos tão (con)centrados em nosso “umbigo” que não paramos para refletir sobre o estado das coisas e as soluções necessárias para sua superação.

Refiro-me à questão social e ao banditismo. A pobreza, o desemprego, as crianças na rua sem pai nem mãe, o lixo revirado por humanos famintos e carentes, comércio de drogas, a miséria humana em cada calçada. E, a reboque, o banditismo e a inerente e consequente violência.
Apesar de nosso “faz de conta que está tudo bem” (afinal, todos temos que “tocar” a vida adiante), sentimos a constância da realidade negativa. Sabemos que estamos acuados e ameaçados. 

O que são nossas casas e pátios, edifícios e empresas? Todos gradeados. Altos muros e cercas elétricas. Alarme na casa e cão feroz no pátio. 

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À porta das casas e edifícios, guaritas guardadas por subempregados fazendo “bico”. Gente com medo “protegendo” outras pessoas com medo.

Nossas ruas são imensos corredores gradeados. Verdadeiros alçapões. Quem buscar socorro em alguma casa ou pátio alheio não tem por onde entrar, para onde correr. Presa fácil do bandido da hora.

Chácara? Sitiozinho? Quem nunca sonhou com um nas imediações da cidade, para morar, repousar e praticar horticultura, receber familiares e amigos? Esqueça!

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Historicamente pacatas e pacíficas, as pequenas vilas e cidades do interior também já vivenciam a crescente violência e criminalidade. Assaltos. Invasões. Bancos e caixas 24 horas explodidos. Sem cerimônia e sem horário.   

Assim tomados de medo, ainda que dissimulado, em cada transeunte que passa vemos um suspeito, uma ameaça ao nosso bolso e integridade física.

Estamos afundados na síndrome do pânico, da desconfiança, da insegurança. Incapazes até de reagir construtivamente. À exceção dos otimistas. Mas otimistas porque desinformados!

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Em 2016 ocorreram 61.619 homicídios no Brasil. Em média, sete pessoas foram assassinadas por hora. Perfil das vítimas? A maioria é homem (99,3%). Mas, pior, 82% são jovens. Têm entre 12 e 29 anos. Os negros são 76% das vítimas. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Números trágicos que revelam o desastroso enfrentamento das questões de segurança pública. Assim como confirma a desigualdade histórica e o fracasso das políticas sociais públicas.

Estamos todos errados e omissos sobre esse gravíssimo assunto. Os governantes com seus discursos ufanistas e demagógicos. E nós, cidadãos, por acreditarmos que as autoridades serão capazes de resolver o assunto!

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