Para quem gosta de uma boa aventura vertical, nem o céu é o limite. Nem mesmo quando o cume está a 1.692 metros de altitude. Amanhã, os escaladores Jefferson Machado, o Théo, e Eder Porto Ferreira, de Santa Cruz do Sul, irão desbravar a montanha Dedo de Deus, em Teresópolis, no estado do Rio de Janeiro. A aventura promete ser uma das mais emocionantes para os esportistas. “Contaremos com o apoio de um guia local, para que tenhamos maiores chances de cume”, conta Théo.
O montanhista explica que ambos estão tecnicamente preparados para encarar a subida, a qual depende muito das condições climáticas. “Precisamos da autorização da natureza.” Aos 30 anos, Machado começou no montanhismo em 2005, enquanto seu colega se dedica à prática desde 1996. Com 40 anos, Ferreira é bombeiro especialista em busca e salvamento em locais de difícil acesso. Para esse desafio, toda a logística está sendo muito bem preparada pela dupla.
A estimativa é de que a aventura dure entre oito e dez horas. E haja fôlego, já que precisam carregar consigo muita água, alimento e todos os equipamentos, que pesam aproximadamente 30 quilos. “Apesar de não ganharmos nenhuma medalha ao conquistar uma montanha, a escalada é um esporte fascinante. A maior recompensa é a vista maravilhosa que temos quando atingimos o cume. Isso gera uma introspecção que faz com que possamos nos conhecer cada vez melhor, além do aprendizado adquirido durante o percurso”, afirma Théo.
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E engana-se quem pensa que, depois de tudo isso, eles planejam descansar. No dia seguinte, pretendem retornar ao Rio de Janeiro para escalar a Pedra da Gávea, que tem 842 metros. O mais bacana é que toda essa experiência não deve ficar apenas em suas memórias. A ideia é, depois, compartilhar um pouco das histórias de dificuldade e superação vividas nas montanhas com jovens em idade escolar, fazendo uma analogia com o que vivenciam no cotidiano. “Acho que é uma forma bacana de motivá-los na vida e nos estudos”, pondera.
Everest
No próximo ano, Jefferson Machado quer dar início ao planejamento para o maior desafio de sua vida. Pretende começar seu projeto pessoal para escalar os 8.848 metros do Monte Everest. “Em janeiro irei participar de um curso de adaptação na altitude, onde farei a escalada do Vulcão Cayambe, no Equador, que tem 5.870 metros. Depois, partirei para outras montanhas a fim de trabalhar a adaptação e adquirir experiência para conquistar a maior montanha do mundo. Já estou trabalhando na captura de patrocínio para esse grandioso projeto.”
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Uma aventura em ascensão
Os esportes de aventura vêm crescendo em Santa Cruz e na região. “Temos muitos picos incríveis para a prática de escalada, rapel, cachoeirismo, canionismo e trekking, que são esportes relacionados ao montanhismo”, conta Théo. Para as pessoas que desejam praticar esse tipo de atividade, o recomendável é ter alguém com experiência para conduzi-las com segurança. “A utilização de equipamentos certificados é indispensável”, avisa.
Já para quem gostaria de ter autonomia na prática, existem cursos que oferecem todo conhecimento necessário. “Tudo é fruto de planejamento. Ser aventureiro não significa que podemos deixar a segurança de lado.”
Formação do pico impressiona pela beleza e pela imponência.
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Montanha Dedo de Deus tem importância histórica no esporte
O Dedo de Deus já era uma montanha famosa no mundo todo em 1912. Despontando da Serra dos Órgãos, na cidade de Teresópolis, a elevação podia ser vista desde a capital da república da época, a cidade do Rio de Janeiro. Com sua forma de dedo apontando para o céu, tem 1.692 metros de altitude e impressiona pela beleza e imponência.
Naquele ano, uma equipe de montanhistas alemães tentou escalar o Dedo de Deus. “Sem conhecer a realidade da montanha brasileira, com suas paredes lisas e inclinadas, não conseguiram subir até o cume e julgaram que, se eles não conseguiram, ninguém mais conseguiria”, conta o montanhista Jefferson Machado.
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O caçador e guia do grupo, Raul Carneiro, não se conformou com a debandada dos estrangeiros. Ele chamou os irmãos Américo, Acácio e Alexandre de Oliveira e o ferreiro José Teixeira Guimarães para formar um grupo e tentar escalar a montanha. Apesar de não terem conhecimento das técnicas de montanhismo, eles improvisaram.
Teixeira confeccionou grampos com argolas, parecidos com os que prendem barcos em ancoradouros, para amarrar as cordas, feitas de sisal. “Eles chegaram ao alto e marcaram o início do montanhismo brasileiro. O Dedo de Deus não só me fascina pela imponência, mas também por sua importância histórica para o esporte”, ressalta Théo.
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