O salão do Clube Rio Branco, de Candelária, ficou “entupido de alegria” na tarde de ontem. A expressão gaudéria ecoou pelo salão na voz de Marcondes Augusto Ritzel, o seu Déqui, que aos 93 anos foi um dos participantes do Vôvó Voice. A canção, entoada originalmente por Sidney Lima, foi escolhida porque seu Déqui ouviu na semana passada e gostou. “Conhecedor” de mais de 50 músicas, como fez questão de destacar, o agricultor queria mesmo era animar o público com a cantoria.
Antes de subir ao palco, contou que estava nervoso, com medo de fazer feio. Quando se posicionou em frente às 300 pessoas que acompanhavam o evento, contudo, parecia à vontade como se estivesse na sala de casa. Sentado, de pernas cruzadas e bem despojado, encantou os técnicos – que viravam as cadeiras como no programa oficial. “Foi a minha neta Jéssica que me incentivou, mas eu já canto nos aniversários, toco violão e gaita de boca também”, disse faceiro. Proporcionar momentos de felicidade como os que viveu Ritzel foi o principal objetivo da Secretaria Municipal de Assistência Social, comandada por Marta Emmel, ao planejar a atividade.
“Queríamos fazer algo diferente e a música tem esse poder de mobilização quase terapêutico. Com o The Voice em alta na TV, fomos fazendo alguns trocadilhos com o nome e chegamos ao Vôvó Voice”, explicou. Boa parte dos idosos que participaram – foram 15 no total – já cantava nos corais de igrejas ou CTGs e foi convidada diretamente pela organização. Outros se inscreveram por conta própria. O único critério era ter mais de 60 anos, e todo mundo saiu vencedor. “Não queríamos que fosse uma competição, mas um momento de alegria, por isso os cantores que escolhiam os técnicos de quem queriam receber a medalha no final e todos foram premiados”, ressaltou.
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O ingresso para o Vôvó Voice foram dois quilos de alimentos não perecíveis, que serão destinados ao Asilo Recanto da Vida. Conforme o prefeito de Candelária, Paulo Butzke, a iniciativa foi pensada para valorizar a terceira idade e dar início à 10ª Semana Municipal do Idoso, cujo tema é “Fazer mais por quem já fez muito”. “O idoso precisa ser valorizado e respeitado, e aqui conseguimos resgatar a autoestima deles e mostrar que estão integrados na nossa comunidade”, afirmou.
Criseldes Kaercher, de 72 anos, também animou a plateia, que bateu palmas no ritmo da música para sua versão de Banho de Lua, sucesso dos anos 1970 de Celly Campello. “É uma música da minha juventude, que já dancei muito”, comentou sobre a escolha.
Professora aposentada, Criseldes ainda trabalha na farmácia da família e faz questão de dizer que permanece na ativa. Para ela, o Vôvó Voice foi uma oportunidade de estar próxima ao grupo da terceira idade com quem trabalhou. “Conheço todo mundo que está aqui e é muito bom poder dividir esse momento de alegria. Todo mundo sai ganhando”, comemorou.
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