Com o encerramento das atividades do aterro sanitário em Santa Cruz do Sul e a suspensão do serviço de mutirão de limpeza, o recolhimento de entulhos passa a ser responsabilidade dos próprios geradores de resíduos. Segundo a bióloga da Prefeitura de Santa Cruz do Sul, Daniela Silveira, a população terá que contratar serviços de papa-entulho a fim de dar a destinação ambientalmente adequada. Ela lembra que o descarte irregular é considerado crime ambiental, o qual prevê multa a partir de R$ 5 mil. A mudança ocorre em razão de uma notificação da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), no mês passado, a qual resultou no fechamento do aterro que funciona junto à Usina de Reciclagem.
Conforme a bióloga, é competência do Município recolher, transportar e destinar de forma correta os resíduos domiciliares e urbanos, como restos de alimentos e de podas, materiais recicláveis e rejeitos produzidos no dia a dia. Já o descarte de resíduos perigosos, restos de materiais de construção, móveis e eletrodomésticos cabe aos proprietários. “Aquilo que for obrigação da Prefeitura será recolhido. O que não for, mesmo que durante décadas tenha sido recolhido, não pode mais. Não é sustentável para a Prefeitura”, afirma.
A bióloga comenta que é necessário a população estar consciente de suas responsabilidades. “E a conscientização está em não ser tão ansioso na hora de descartar. Parar de pensar que não pode ficar com aquele resíduo em casa.” De acordo com Daniela, algumas empresas e entidades aceitam produtos para fazer a destinação certa. “Medicamentos ou embalagens de remédios (cartelas e vidros) podem ser entregues em farmácias, postos de saúde e hospitais. E lâmpadas podem ser deixadas em lojas que vendem o produto. Já outros materiais devem ser recolhidos por empresas licenciadas.”
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Três empresas estão licenciadas
Em Santa Cruz do Sul, três empresas estariam licenciadas para recolher entulhos – os areais Santa Cruz, Spiegel e Baumgarten. Os valores, nos três, são os mesmos: por R$ 170,00, um contêiner fica no local por uma semana e, depois, é recolhido pela empresa. Daniela sugere que os recolhimentos ocorram de forma colaborativa a fim de baratear o serviço. “Se mora em condomínio, custa ter uma vez por mês ou a cada trimestre um papa-entulho na frente ao prédio? Todo mundo tem algo para descartar”, comenta.
Nos areais Spiegel e Santa Cruz a sistemática de destinação é a mesma. Os resíduos são recolhidos e deixados na Pró-Ambiente, empresa responsável pela triagem e descarte. De acordo com o empresário Roberto Spiegel, apenas materiais de construção civil são depositados no aterro local, situado no Bairro Harmonia. Os resíduos que podem ser aproveitados são vendidos para outras empresas e o restante, vai para um aterro em Capela Santana. Já o Areal Baumgarten somente faz coleta de materiais de construção.
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Prefeitura de Santa Cruz estuda solução
A bióloga Daniela Silveira afirma que a Prefeitura ainda estuda medidas para resolver o problema de descarte de lixo em locais impróprios. Os mutirões de limpeza recolhiam, em média, 18 cargas por mês em bairros de Santa Cruz. Em vista da suspensão do serviço, ela pede a colaboração da população para que faça a destinação correta. “É uma questão de respeito com os demais moradores. Sem contar que cada vez que descartam incorretamente, se formam locais propícios para proliferação de vetores, principalmente, o mosquito da dengue.”
Segundo ela, a regularização da área onde funcionava o aterro seria inviável por causa dos investimentos altos. “Teria que impermeabilizar toda a área, fazer um sistema de coleta do material, uma cobertura, já que os resíduos não podem ficar expostos à chuva, triagem dos materiais e descarte em um tempo mais curto. Então é inviável”, diz. Daniela estima que cerca de 2 mil toneladas de lixo estejam depositadas no aterro. No local, são encontrados sofás, estofados, camas, fogões, roupas e roupeiros, entre outros itens. O custo para coletar, transportar e destinar tudo vai girar em torno de R$ 200 mil.
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