Mais uma vez, Santa Cruz do Sul se destacou em nível nacional na criação de postos de trabalho com carteira assinada. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o município foi o segundo que mais empregou no Brasil no primeiro semestre deste ano. Os números reforçam algo que há muito vem se tornando claro: a cidade-polo do Vale do Rio Pardo vem enfrentando melhor a recessão do que o restante do País. E a fumicultura é o principal fator por trás disso.
De acordo com o Caged, entre janeiro e junho foram registradas 5.107 contratações a mais do que demissões em Santa Cruz. A maior parte dessas vagas são temporárias e correspondem à demanda de trabalhadores sazonais gerada pelas indústrias de tabaco. O grande volume de safreiros contratados todos os anos pelas empresas é o que faz o município despontar no ranking da empregabilidade. Este ano, a produção expressiva que saiu das lavouras (695 mil toneladas, ante 525,2 mil no ciclo anterior, conforme a Afubra) levou a um aumento de 50% no número de contratos. Ao todo, foram 2 mil trabalhadores a mais.
Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Flávio Bender, isso é também o que faz o município resistir mais à crise, embora não deixe de senti-la. De acordo com dados do Sinditabaco, cerca de 85% do tabaco brasileiro é exportado. Na prática, isso significa que o desempenho do principal vetor da economia local é menos suscetível às variações no mercado interno, o que reflete sobre os demais setores. “Veja quantas concessionárias de automóveis fecharam no País nos últimos anos, e aqui abriram duas”, exemplificou Bender. A vizinha Venâncio Aires, que aparece em quarto na relação nacional, tem situação semelhante.
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A realidade fica mais evidente quando comparada com outras localidades. Entre janeiro de 2014 – ano em que a crise teve início – e dezembro do ano passado, pouco mais de mil vagas foram fechadas em Santa Cruz, o melhor saldo entre as maiores economias do Rio Grande do Sul. Em Caxias do Sul, por exemplo, que é um dos maiores polos metalmecânicos do Brasil, foram 24,6 mil empregos perdidos, enquanto em Porto Alegre foram mais de 30 mil (veja quadro abaixo).
RANKING NACIONAL
1) Franca (SP) 5.975 Indústria
2) Santa Cruz do Sul (RS) 5.107 Indústria
3) Bebedouro (SP) 5.037 Agropecuária
4) Venâncio Aires (RS) 4.652 Indústria
5) Goiânia (GO) 3.613 Serviços
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O QUE MAIS FAVORECE O MUNICÍPIO
SAZONALIDADES
Além do tabaco, outros segmentos industriais importantes mantêm produção sazonal. Em algumas das principais empregadoras do município, como a Xalingo Brinquedos e a Metalúrgica Mor, porém, a contratação de funcionários temporários se concentra no segundo semestre. Isso faz com que, mesmo após as dispensas nas fumageiras (a partir da metade do ano), a geração de empregos não perca tanto ritmo.
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PERFIL DA INDÚSTRIA
A maior parte da produção industrial local é dedicada a bens de baixo valor agregado, cuja demanda é menos prejudicada em momentos de crise como o atual, diferente de mercadorias de luxo. Setores como o automotivo, por exemplo, tendem a ser mais atingidos.
NOVOS INVESTIMENTOS
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Alguns investimentos recentes feitos nos últimos anos geraram uma nova demanda de empregos que ajudou o município a enfrentar a crise. É o caso da GAM, distribuidora de medicamentos que se instalou em Santa Cruz em 2014 e mantém hoje cerca de 200 funcionários efetivos. Outras empresas do setor logístico também vêm se expandindo.
O RASTRO DA CRISE
Quantos postos de trabalho foram fechados entre janeiro de 2014 e dezembro de 2016 nas maiores economias do Estado:
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Porto Alegre -30.859
Caxias do Sul -24.657
Canoas -9.418
Gravataí -8.323
Rio Grande -7.686
Novo Hamburgo -5.664
Pelotas -3.833
São Leopoldo -3.279
Passo Fundo -1.383
Santa Cruz do Sul -1.029 n