Situação que atrapalha os agendamentos via SUS e tira vagas de quem precisa, as faltas a consultas médicas na rede pública de saúde voltaram a crescer em Santa Cruz do Sul. Se em janeiro o índice de absenteísmo chegou a 9%, quatro meses depois, em maio, o percentual saltou para 13%. De 12.964 atendimentos agendados previamente na Rede de Atenção Básica, 1.681 deixaram de ser feitos pela ausência dos pacientes nos consultórios.
Mas o descomprometimento vai além. O número de exames emitidos e não retirados também é expressivo no município. Segundo dados da Central de Regulação e Agendamento, entre janeiro e junho, a pilha acumulada de hemogramas, raio x e até procedimentos mais custosos, como ressonância magnética, chegou a 510.
“Muitos exames têm apenas 15 dias de validade. Se nesse meio-tempo o usuário não retira, é esforço em vão e dinheiro que o sistema perde. Isso sem falar que esse paciente tirou o lugar do próximo que está na fila e também precisaria desse encaminhamento para o tratamento”, explica o coordenador da Central de Regulação e Agendamento, David Nóbrega.
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A principal “briga” da Secretaria da Saúde, nesse sentido, é trabalhar com a conscientização dos atendidos. “Pedimos a colaboração das pessoas para avisar se não puderem comparecer. Isso nos dá tempo de ligar para outro usuário e fazer a fila andar. É uma pequena atitude que faz toda a diferença para o sistema”, explica. Outro pedido da pasta é que a população mantenha o contato atualizado junto à Central de Marcação. Isso facilita o trabalho dos funcionários responsáveis por ligar para o paciente dois dias antes da consulta para relembrar. “Cansamos de nos deparar com casos em que o telefone não existe ou está na caixa de mensagens. Caso o contato fosse feito, evitaria a ausência daqueles que esquecem”, acrescenta.
Apesar da elevação de 4% de janeiro para cá, o percentual de abstenteísmo no município fica bem atrás da média nacional. Segundo o Ministério da Saúde, o índice de faltas no País chega a 25%. Em Santa Cruz, aliás, já houve 38% de abstenção. Para combater esse cenário, a Secretaria da Saúde realizou um trabalho de informação para lembrar os pacientes. O que preocupa, entretanto, é que as ausências voltaram a subir. Para isso, é preciso bom-senso.
“Trata-se de um trabalho de educação. As pessoas precisam entender que se marcarem e não comparecerem, estarão tirando o lugar de outra que precisa. Por isso, sempre buscamos reforçar essas informações com os atendidos”, salienta Nóbrega. Além do esquecimento – que pode ser revertido caso o contato esteja atualizado no sistema –, outros fatores que contribuem para a abstenção são fenômenos climáticos que dificultam o deslocamento, como chuva e até mesmo o frio. n
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Como funciona
O processo para marcar consultas eletivas via SUS começa na atenção básica. Ao ser constatada a necessidade de atendimento especializado, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) encaminha a demanda via sistema para a Central de Regulação e Agendamento (antiga Casa). Após essa etapa, a consulta é agendada e os próprios funcionários da ESF entram em contato com o paciente. A exceção são marcações urgentes, com até 48 horas entre agendamento e comparecimento. Nesses casos, é a própria regulação que procura o paciente.
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