ATUALIZADO ÀS 16H30
O ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol e Herveiras e um dos sócio-fundadores, Pedro Oswino Etges, morreu nessa quarta-feira, 7, aos 87 anos no Hospital Santa Cruz por insuficiência respiratória. O corpo foi velado na capela mortuária de Linha Santa Cruz. A missa de corpo presente acontece nesta quinta-feira, 8, às 9 horas, na Igreja dos Santos Mártires das Missões. O sepultamento será na sequência, no Cemitério Católico de Linha Santa Cruz. O sindicato não funcionou na manhã desta quarta, enlutado pela perda de um dos membros mais representativos. Ele deixou a esposa Alice Herberts Etges e os sete filhos Rudiard, Mauro, Lourenço Etges (já falecido), Lucio, Nilson, Jaqueline e Janise.
Etges participou da fundação do sindicato, em 1º de julho de 1962. Ele esteve na Frente Agrária Gaúcha (FAG) entre 1960 e 1961, iniciativa nos bispos da Igreja Católica com o objetivo de formar lideranças rurais e incentivar a sindicalização e cooperativação. O trabalho regional para fortalecer o meio rural rendeu frutos. Carlos Joel da Silva, de Cachoeira do Sul, é atualmente o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag). Em 2008, Pedro Oswino Etges recebeu o título de Cidadão Honorário da Câmara de Vereadores.
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Renato Goerck, atual presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, destaca que Oswino deixa uma contribuição extensa e que aprendeu muito com o experiente líder regional. “Ele abriu portas para muitas pessoas. Sempre tive um bom relacionamento com ele. Integrei a chapa eleita em 2010 como tesoureiro. Ele era o presidente. Em 2014, já com uma idade mais avançada, deixou as funções no Sindicato. Talvez ele tenha visto algo em mim, que eu pudesse levar a instituição adiante”, afirma. Goerck estará à frente do Sindicato até o término da gestão, em agosto de 2018.
O deputado federal Heitor Schuch diz que a palavra que pode definir Oswino é coragem. Segundo Schuch, ele foi o único a realizar um protesto contra o Ministério Público, para acelerar o processo de aposentadoria das mulheres no campo. “Isso foi na década de 90. E surtiu efeito. Despertou a atenção para problemas que aconteciam em outros lugares. Acredito que tenha sido um protesto inédito no Brasil. Ele era um homem de coragem, enfrentava o que tivesse pela frente”, ressalta.
Schuch foi secretário do sindicato entre 1987 e 1990, quando Oswino era presidente. Eles trocaram de função entre 1990 e 1992. O deputado explica que foi um período de transformações, principalmente pela nova Constituição. “O Oswino lutou muito pela melhora nos direitos previdenciários. E foi muito injustiçado, perseguido no movimento sindical. Em 1984, chegou a ter a candidatura impugnada no sindicato. Diziam que era fichado no Dops (Departamento de Ordem Política e Social, órgão de repressão na ditadura militar). Ele era convicto, tinha posições firmes. Estava sempre ao lado do agricultor”, completa Schuch.
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Outras contribuições
Em 1971 e 1972, lutou para modificar o quadro de benefícios aos aposentados do meio rural que recebiam apenas meio salário mínimo. Somente os homens, aos 65 anos, tinham esse direito. Atualmente, o homens pode acessá-los aos 60 anos e as mulheres aos 55 anos. Desde 1987, as mulheres do meio rural deixaram de ser dependentes do marido no sindicato. Participou com outras lideranças sindicais do Brasil em 1988 na formulação de propostas para a nova Constituição do País, com a inclusão de benefícios como aposentadoria para mulheres, auxílios doença, maternidade e pensão por morte (todos com um salário mínimo).
Foi um dos responsáveis pela compra da primeira sede própria do STR em 1972, na Rua Ramiro Barcelos, endereço atual. Também instalou sedes próprias em Sinimbu e Vale do Sol, além de executar a ampliação da sede em Santa Cruz do Sul em 300 metros quadrados. Foi o idealizador da Regional Sindical do Vale do Rio Pardo e Baixo Jacuí, com abrangência de 10 sindicatos e 16 municípios na região em 2007. Foi o primeiro coordenador dessa entidade. Ocupou a presidência do E.C. Linha Santa Cruz de 1970 a 1972. Participou da criação da Liga do Cinturão Verde e foi o primeiro presidente, em 1978. Ainda foi presidente da Comunidade Católica de Linha Santa Cruz de 1986 a 1988 e presidente da Paróquia Santos Mártires das Missões de 1988 a 1991. Na paróquia, integrou o coral e chegou a ser regente.
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