Já virou hábito. Pelo menos cinco cachorros de rua passam diariamente na frente de uma loja de chaves, na Marechal Floriano, para tomar água e comer ração. A parada obrigatória dos animais é fruto da simples – mas cheia de carinho – atitude do casal proprietário do estabelecimento, que, solidário à causa, decidiu deixar o alimento à disposição dos pets. Batizada de Barriga Cheia, há pouco mais de um ano a iniciativa ajuda a amenizar a fome dos animais abandonados em Santa Cruz do Sul e já vem inspirando outros comerciantes e empresários na cidade.
Conforme Giovana de Souza, 44 anos, a ideia surgiu com o intuito de proporcionar um alívio imediato aos cachorros que vivem na rua e não sabem qual será a próxima refeição. “Nós entendemos que não vamos resolver o problema do abandono, mas com essa atitude queremos amenizar a fome e dar forças para que eles sigam em frente”, conta.
No início, segundo relata, os potes acabavam sendo extraviados ou mesmo furtados. Foi então que decidiram elaborar um banner com o nome do projeto. “Parece que só depois desse passo as pessoas passaram a respeitar mais. Hoje, muitas elogiam, mas também há aquelas que criticam, pois entendem que vamos ‘encher’ a loja de bichos”, diz Adriano Souza.
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Por semana, segundo o casal, que ainda cuida de três cachorros e dois gatos – todos adotados –, são consumidos cerca de cinco quilos de ração. “O custo é mínimo e já percebemos uma mudança física naqueles animais que vêm aqui mais seguido.”
Quando Giovana e Souza constatam que o bichinho precisa tomar antivermes, também misturam o remédio na ração. Não se importam, igualmente, que um ou outro entre na loja para descansar. “Eles só querem se proteger do sol ou dar uma deitada. Logo depois vão embora. Não vejo problema algum em oferecer isso”, diz Giovana. A iniciativa do casal já ganhou até uma fanpage no Facebook. Por lá, eles publicam as fotos dos cães que desfrutam da boa ação.
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Inspiração para ajudar
Inspirada pela iniciativa do casal Souza, a arquiteta e couch Renata Tolotti decidiu fazer o mesmo na frente do seu escritório, na Avenida do Imigrante. Após observar intensa circulação de cachorros em frente ao centro comercial onde trabalha, decidiu que poderia ajudá-los fornecendo alimento e água. “Deixo os potinhos também durante a noite e madrugada e de manhã, quando vou trabalhar, ambos estão vazios.”
Por semana, Renata afirma que são consumidos aproximadamente dois quilos de ração. “É o mínimo que posso fazer para ajudar”, diz ela, que também confecionou uma plaquinha. Pontos como a floricultura Weiss Blumenn, a loja Dona Coruja e os food trucks da Praça da Pasqualini também deixam mantimentos à disposição dos pets.
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